02 maio 2016

Conheça a Vinícola Undurraga: Talagante - Santiago

No segundo dia de viagem em Santiago, nós, que amamos vinhos e já estivemos em várias vinícolas, como as da região sul do Brasil (veja aqui), em Mendoza na Argentina (confira aqui), em Santorini, na Grécia, e também no Chile (ao menos eu - Lily - que já havia visitado antes a vinícola Concha y Toro, pois o Julio ainda não conhecia Santiago), tínhamos que visitar ao menos uma nesta nossa viagem de férias pelo Chile e Bolívia. Questão de honra!

Veja aqui o Roteiro Completo das nossas férias de 14 Dias pelo Chile e Bolívia.

  

Resolvemos que dessa vez visitaríamos outra vinícola menos popular, menos comercial, mas como nosso tempo era bem corrido em Santiago e estávamos sem carro, embora o nosso desejo fosse o de explorar mais o Vale do Maipo e até mesmo ir ao Vale do Colchagua e Vale de Casablanca, onde há vinícolas muito interessantes, menos conhecidas, do jeito que a gente gosta para descobrir algo diferente, realmente não tínhamos como fazer esse tour mais completo que ficamos devendo para para uma próxima. 

Considerando todos esses fatores, a qualidade dos vinhos reconhecida, a história, a proximidade com Santiago e a facilidade de se chegar, nó escolhemos para visitar dessa vez a Vinícola Undurraga para a qual fomos convidados a fazer uma visita guiada que nós adoramos e vamos contar aqui para vocês um pouco dessa experiência.





Para começo de conversa, o dia estava lindo em Santiago. Saímos de manhã com um sol muito gostoso e um friozinho delicioso, na casa dos 15º. Isso foi no dia 24 de março de 2016, ou seja, início do outono, com manhãs e noites frias e com a temperatura mais amena ao longo do dia. 

Leia mais sobre Santiago e Arredores clicando aqui. 



**Para chegar nela foi fácil** 

Estávamos hospedados no Andes Suítes, um flat que fica entre as estações de metrô Los Leones e Pedro de Valdívia, no bairro Providência, pegamos o metrô (linha 1 - cor vermelha) até a estação de metrô Estación Central (660 pesos o bilhete do metro no horário Valle). Vale a pena ter dinheiro / moeda local para comprar os bilhetes do metrô.


Lá na Estación Central, a gente desceu e logo do lado, na mesma calçada, havia uma galeria tipo Shopping para onde fomos. Caminhamos praticamente o shopping inteiro até o final, onde fica a estação de ônibus San Borja (se tiver dúvidas, basta seguir as placas que são várias), onde subimos a esteira rolante para o segundo andar para pegarmos o ônibus para Talagante, que custou 1.100 pesos por pessoa.



Dica: a gente foi até o quiosque para comprar a passagem, mas informaram para a gente que bastava ir para a plataforma 77 da estação San Borja e pagamos diretamente ao motorista em dinheiro. Mais uma vez, precisa ter dinheiro, de preferência trocado, na moeda local. Pegamos o ônibus Autopista que vai direto, porque esse vai mais rápido. Se não estiver escrito autopista, espere o próximo ônibus porque eles costumam sair praticamente de 15 em 15 minutos. 

Avisamos o motorista que íamos para a Viña Undurraga para ele nos deixar no ponto certo. A ida foi bem tranquila. O ônibus é meio velhinho e não estava muito limpinho, mas dá para abstrair (e olha que eu sou fresca rsrs). 



Mas a volta foi mais chatinha. Há dois pontos de ônibus em frente à Undurraga e a gente não sabia exatamente em qual ponto ficar. Primeiro ficamos em um e depois fomos para o outro. O problema é que os ônibus que passavam estavam sempre cheios, provavelmente por causa do horário (por volta das 15:00). Quando eu digo lotado, é abarrotado, do jeito que não entrava nem mais uma agulha. Daí, tivemos que esperar muito tempo até passar um menos lotado. Ainda assim, não teve jeito e fiquei em pé na maior parte do trajeto dentro do ônibus até conseguir sentar. 

MAPA DO METRÔ DE SANTIAGO

Dica: Nossa visita estava marcada para às 12:00 e nós saímos do hotel às 10:00 porque não tínhamos certeza de como seria esse deslocamento, embora eu tivesse lido que demorava cerca de 1:30 e foi exatamente o que aconteceu, pois chegamos lá às 11:30, o que foi bom porque tivemos um tempinho antes da visita para percorrer a loja, ver os preços e andar um pouco pelos jardins do grande casarão onde está a Undurraga

Recepção da Vinícola

Loja

Esses BAGS de vinho são perfeitos para poder transportar dentro da mala. Temos vários e sempre que viajamos nós levamos para colocar os vinhos que compramos. Nunca tivemos problemas!

Você sabia que? O Vale do Maipo, tão famoso dentre os brasileiros, que são, em maioria esmagadora, os maiores visitantes das vinícolas desta região, é a única região do mundo com viñas próximas aos limites urbanos de uma capital. Além disso, o vale, que é muito fértil, reúne o maior número de vinícolas do Chile e muitas possuem uma história bem antiga de tradição e caves do século XIX. Os vinhos variam desde os sopés dos Andes, onde estão os melhores Cabernets do país, até o planalto central. O clima mediterrâneo é um grande diferencial por ser estável, com estações bem definidas e baixo risco de chuvas durante o período da colheita, o que garante condições ideias para o plantio e a produção de bons vinhos.




Sobre a colheita, mais conhecida como a Vindima, costuma ocorrer todo ano - e apenas uma vez ao ano - entre os meses de janeiro a abril, a depender das condições climáticas do ano e do tipo de uva. Como estivemos por lá final de março e início de abril, ainda pudemos ver as parreiras repletas de folhas verdes e muitos cachos de uvas graúdas, principalmente Cabernet Sauvignon que ainda seria colhida. 

Colheita em espanhol se diz COSECHA. Você ouvirá muito essa palavra por lá. 

Nossa visita foi suuuuuper especial! Primeiro, porque foi privativa, com o guia Germano, que passou cerca de uma hora e quarenta minutos com a gente, dando uma verdadeira aula sobre a vinícola, sua história, sobre as uvas, a colheita, a produção... foi sensacional!




Germano, embora não seja enólogo nem sommelier, ele trabalha na Undurraga há 30 anos e conhece tudo por lá! Além disso, por receber muitos brasileiros, ele arranha bem o português (ou portunhol) e é muito simpático e brincalhão. O tempo todo ele fazia alguma brincadeira com a gente. 

Bem, a visita começou com os vinhedos, por onde percorremos um pedaço e ele nos contou algumas curiosidades bem legais como, por exemplo, o fato de ter roseiras na frente das parreiras, que eu  não sabia, é para sinalizar de forma mais imediata se houver uma praga, pois, se isso acontecer, a praga vai atacar primeiro a roseira e, assim, eles poderão agir e salvar as parreiras. 


Também pudemos observar um pouco do sistema de irrigação por gotejamento, os equipamentos utilizados no vinhedo e uma espécie de casamata que visitamos que o Germano explicou para a gente que ela existe para que se possa estudar as camadas de terra dos vinhedos, prevenir pragas e outros problemas do terreno.



Ainda na parte externa da vinícola, a gente percorreu um pequeno vinhedo com várias uvas, bem graúdas, onde pudemos observar e comparar as diferenças de suas folhas, grãos, texturas e sabores. Sim, sabores! A gente experimentou algumas uvas e pudemos ver na prática a diferença de sabores entre elas, como, por exemplo, a uva cabernet sauvignon é mais doce do que a syrah. Nós adoramos essa experiência sensorial que foi novidade para a gente.






Descobrimos também que, embora a Undurraga tenha surgido como uma vinícola familiar, e tendo assim permanecido por muito tempo, a família a vendeu para terceiros, que não eram da família e que a administram hoje. 



A viña é de fato muito fofa, repleta de belas paisagens, como árvores e lago e muitas histórias ao longo dos seus 130 anos de existência. Fundada em 1885, a sua primeira colheita foi em 1891! Na Fazenda Santa Ana, em Talagante, onde estávamos, as instalações com maquinaria de ponta para realizar os processos de fermentação, elaboração, envelhecimento e engarrafamento dos vinhos harmonizam perfeitamente com o casarão do século XIX e seus amplos jardins. E hoje, como mencionado acima, ela não é mais uma vinícola familiar.



Depois dessa degustação das uvas, nós fomos conferir de perto parte do processo de separação das uvas que tinha sido colhidas e que depois seriam prensadas para armazenamento. Muito legal também e foi outra experiência nova que nunca havíamos presenciado assim de perto. 



Como disse, foi um dia de muitas descobertas. Eu, por exemplo, não sabia ou não lembrava que de uma uva roxa é possível fazer um vinho branco, bastando separar a casca da uva. Mas de uma uva verde (mais clarinha) não é possível fazer um vinho tinto, porque o tinto precisa da casca para conferir a cor. 


Também pudemos observar de perto o trabalho de uma enóloga e sommelier que estava degustando o vinho de alguns barris ainda em processo de fermentação, fazendo suas anotações e criando alguns blends. 




Passamos pelas barris de inox também... e são enormes!!! Normalmente são usados para armazenar vinhos que ficam pouco tempo na fermentação. Tudo com muita tecnologia e moderno.


Então, na sequência, nós passamos para as adegas subterrâneas da Fazenda Santa Ana. E estas adegas subterrâneas datam da fundação da Undurraga e compõem um ambiente perfeito para o envelhecimento dos vinhos Reservas. 




Outra informação que nos foi passada e bem bacana é que você consegue identificar se a barrica está completamente cheia ou fazia dando soquinhos nela e observando o barulho que faz. Bem, é claro que o barulho emitido pela barrica é diferente se está cheia ou um pouco vazia... mas isso aí só mesmo um expert para saber diferenciar. O que vale aqui para a gente saber é que as barricas não podem ficar com "espaços" vazios. Elas devem ficar cheias sempre, para não haver interferência alguma de oxigênio e, para evitar isso, eles deixam um barril separado daquele mesmo tipo de uva, para não misturar, e vão enchendo as demais barricas. Ah, mas por que as barricas vão esvaziando? Aí é uma questão de química e física: além de uma pequena evaporação do líquido que pode ocorrer, o vinho, em contato com a madeira da barrica, vai infiltrando nas suas paredes e isso também contribui para diminuir a quantidade de vinho. 



Em outra vinícola já me disseram que a perda de espessura de um uso para o outro da barrica pode passar de centímetros, ao ponto de a barrica ficar com as paredes bem finas se usada muitas vezes. 

No caso da Undurraga, eles usam barricas de carvalho francês, que dizem ser as melhores e bem caras. E costumam usar por três vezes, pelo menos. O primeiro uso da barrica sempre é para os melhores vinhos, os de guarda, que ficam armazenados por mais tempo. 

No final da visita das adegas, nós passamos rapidamente por um museu que expõe um pouco da cultura indígena local, dos mapuches.





Aí, finalmente, nós fizemos a degustação de 4 vinhos: um sauvignon blanc da linha Pablo Neruda, um cabernet sauvignon da linha Sibaris, um Camenere da linha Founders Collection e depois um de sobremesa.


Adorei todos, mas amei mais ainda o de sobremesa e o Founders Collection. Inclusive, após a degustação, nós acabamos na loja da vinícola onde compramos 2 vinhos (os valores variam de 7 mil a 20 mil pesos, em média) e 1 espumante, já que os espumantes da Undurraga são bem famosos e premiados. 


Vale a pena mencionar que a Undurraga é uma das adegas mais importantes e líder na produção de espumantes no Chile, cultivando essa categoria desde 1910, quando obteve seus primeiros reconhecimentos internacionais. Hoje, consolidada como grande referência de qualidade e inovação na elaboração de espumantes, a marca Titillum estabeleceu-se como a marca líder no Chile que segue o método charmat. 





A Undurraga está presente nos principais vales do país e essa diversidade de terroirs permite que ela ofereça uma interessante diversidade de origens de seus vinhos, com o objetivo de intervir minimamente no terroir. São duas adegas principais de elaboração de vinhos com capacidade total de 23.000.000 de litros por ano. Uma está localizada na Quinta de Tilcoco, na VI Região, e a segunda e principal, foi a que visitamos, na fazenda Santa Ana, em Talagante. Em uma superfície total aproximada de 1.800 hectares, os campos da Undurraga estão localizados também no Alto Maio (Fazenda La Higuera), Maipo Costa (Fazenda Codigua), Colchagua (Fazenda Colchagua), Almahue no Cachapoal (Fazenda Cerros de Almahue), Leyda em San Antonio (Fazenda Lomas de Leyda) e em Cauquenes, Maule (Fazenda El Tutuvén), que são lugares que se caracterizam por possuir solos especialmente selecionados. 





Nosso passeio, que foi feito em cerca de 1:40, foi uma cortesia em parceria com o blog e ainda ganhamos ao final 2 taças da vinícola. Mas quem desejar fazer (e nós super recomendamos), esse tour custa 10.000 pesos por pessoa. A reserva pode ser feita do Brasil, por e-mail para mhoffstadt@gvp.cl ou pjerez@gvp.cl.



Espero que vocês tenham gostado dessas nossas dicas! A gente nunca fez um curso de sommelier, mas a cada vinícola que visitamos, aprendemos mais e mais e isso só faz despertar a nossa curiosidade pelo assunto e, mais ainda, a nossa paixão pelos vinhos!! 



** FICHA TÉCNICA DA UNDURRAGA **

- Endereço: Camino a Melipilla - Km 34 - Talagante - Chile

- Contato: (56 2) 2372 2900

- Site: http://www.undurraga.cl/home

- Visitas: de segunda a sexta, às 10:15; 12:00, 14:00 e 15:30
Sábado, Domingo e Feriados: às 10:15; 12:00 e 15:30

- Sobre os Tours Regulares: podem ser feitos em espanhol ou inglês e têm duração aproximada de 1 hora e 15 minutos, incluindo a visita ao parque da família Undurraga, vinhedos, centenárias bodegas subterrâneas e degustação de 3 vinhos. Cada visitante receberá a taça de presente. Valor: 10.000 pesos por pessoa. Reserva: com pelo menos 24h de antecedência.

- Reserva do Tour Regular: enviar e-mail para pjerez@gvp.cl

- No TripAdvisor: nota 9 com mais de mil avaliações e Certificado de Excelência.

- Mais sobre a história da Undurraga: acesse http://www.undurraga.cl/compania

- Mais sobre o Vale do Maipo: acesse Tintos e Tantos 

**VEJA MAIS FOTOS DA UNDURRAGA**






 











  1. Muito bom artigo, fotos maravilhosas, belo destino!

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    1. Olá! Tudo bom?
      Muito obrigada pelo comentário. Esta vinícola é incrível!
      Abraços,
      Lily

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  2. Olá lindona, amei saber mais sobre a vinícola. Achei linda demais e sonho em conhecer uma.
    Quero muito viajar. Consegui viajar um pouquinho vendo o seu blog. Parabéns pelo trabalho.
    Beijocas.

    www.meumundosecreto.com.br

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    1. Muito obrigada pelo carinho! Que bom que viajou junto conosco. Chile é um país incrível!
      Beijos
      Lily

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  3. Olá! Qual dos pontos de ônibus é o correto para voltar à estação do shopping? Obrigada!

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    Respostas
    1. Olá, tudo bom?

      Nós ficamos um tempinho em cada um, observando onde os ônibus parariam, sabe? Não posso afirmar que somente um ponto seja o correto. Pode ser que, quando estávamos em um, os ônibus passavam tão cheios que nem paravam. Ou pode ser porque realmente não iam parar mesmo. Fato é que conseguimos pegar o ônibus no ponto mais para frente (assim que sair da vinícola e atravessar a rua - o ponto fica do outro lado para voltar - você deve caminhar um pouco mais para frente seguindo o sentido dos carros).

      Depois me conte como foi com você e se algo mudou sobre isso.

      Boa sorte! Vai dar certo!

      Bjs,
      Lily

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