07 abril 2016

Deserto do Atacama: Segunda Parte

** SEGUNDA ETAPA NO ATACAMA, de 31/03 até 05/04 **

Voltamos da Bolívia, após 3 noites e 4 dias praticamente inteiros de travessia entre São Pedro do Atacama e Uyuni.

Chegamos no dia 31/03 de tarde, por volta das 15:30h e fomos direto ao Hostal La Ruca, que fica na Calle Toconao n° 513, a poucos passos da Calle Caracoles.

Salar de Tara

Geysers El Tatio

Lagunas Escondidas

Laguna Chaxa

Laguna Chaxar

Vulcão Láscar



-->> SOBRE O HOTEL LA RUCA <<--


É mais simples e mais barato do que onde ficamos antes, que foi o Takha Takha. Mas optamos por ficar nele pela proximidade com a Calle Caracoles, boas notas e reviews no TripAdvisor e Booking e por ser mais econômico.

O La Ruca tem mais cara de hostel mesmo, com área separada para fumantes, cozinha equipada para quem desejar fazer sua própria refeição, quartos coletivos e banheiros compartilhados, para quem tem um orçamento mais enxuto.

Nós ficamos em um quarto com cama de casal (número 7) e banheiro privativo. O quarto é simples, composto por um armário que estava com uma porta quebrada que não se abria, penduradores de roupa na parede, banheiro com cortininha no box e também tivemos problemas com a privada entupida que informamos na recepção e depois eles disseram que chamaram um técnico de manutenção, mas permaneceu com o problema de termos que dar a descarga inúmeras vezes... isso foi chato.

O café da manhã é muito muito simplório. Tem o básico do básico do básico. Não tinha chá de Coca nem Chachacoma no primeiro dia e acabamos comprando para a gente. Não tomamos café da manhã todos os dias lá porque o café só começava às 7:47 e muitos passeios saíam antes ou, o mais normal, às 8:00. Rebeca até me contou que depois viu o chá de coca lá no café em outro dia, mas eu nem procurei porque já estava com o meu comprado.

O bom é que tem wifi que pega bem nas áreas comuns e um pouco no quarto. A água quente não faltou e era um chuveiro com boa pressão. Graças a Deus, não tivemos problemas com isso em São Pedro, porque encarar banho gelado depois dos passeios seria triste kkkk. Além disso, durante o dia o nosso quarto não esquentava, ficando bem fresco e dando para a gente descansar e até se cobrir com lençol. Não sei como fica no inverno, pois o quarto não tem ar condicionado, nem ventilador nem calefação. Aliás, tampouco tinha TV no quarto, algo super comum em São Pedro. Mas tinha TV na parte da cozinha/comedor com canais fechados.

Se eu recomendo o Hostal? Sim, desde que você não precise de luxo. Além do fato de que fomos muito bem recebidos pelo Franklin, que é quem cuida da recepção. Ele entende bem português e até fala um pouco e sempre nos atendeu com muita atenção, gentileza e cordialidade.

A Calle Toconao, onde está localizado o La Ruca, é uma rua repleta de casas de câmbio, tem uma venda de verduras e frutas, uma farmácia na esquina, restaurantes e cafés. Isso sem contar que está a passos da Calle Caracoles. Ou seja, a localização é perfeita!

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Ainda no dia 31 de Março, aproveitamos a folga de estar sem passeios para essa tarde e demos umas voltas por São Pedro do Atacama, visitando feiras de artesanato, fizemos umas comprinhas, fomos à praça principal, que fica na continuação da Toconao, vimos a igreja e depois fomos jantar no restaurante Blanco com Isabela e Rebeca. 

O preço médio dos pratos principais no Blanco era de 9.000 pesos chilenos. Eu optei pelo menu completo, com entrada, prato principal e sobremesa, que ficou mais barato do que se eu pedisse somente um prato principal. Os menus completos são sempre mais vantajosos e os restaurantes onde estivemos não se importavam se a gente dividisse com outra pessoa. Julio pediu um risoto de quinoa que estava uma delícia! 

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No dia seguinte, dia 01° de Abril, fizemos o passeio ao Salar de Tara, que fica dentro da Reserva Nacional de los Flamencos. Saímos às 8h e voltamos por volta das 16:30h. 

Fomos novamente com a equipe da Flávia Bia Expediciones, dessa vez com o guia Christian.

- SALAR DE TARA:
Saída: 08:00 - 16:00 hrs.
Altitude máxima durante o passeio: 4.400m
Tour: 75.000 cl


Logo no início do passeio, ainda perto de São Pedro, paramos na estrada para admirar ao longe o Salar de Atacama e o vulcão Licancabur. Este pode ser visto de muitos lugares! Ele é realmente imponente e faz fronteira com a Bolívia, sendo que metade é chileno e metade é boliviano.

Christian mostrou para a gente uma região onde ainda há minas de bombas fruto do momento de tensão ocorrido na década de 80 na Terra do Fogo, ao sul do Chile e Argentina, década de muitos conflitos quando também o Chile apoiou a Inglaterra na Guerra das Malvinas contra a Argentina. Por consequência de tanta tensão entre os países, o Chile ficou preocupado de a Bolívia e até mesmo o Peru se aproveitarem disso e retomarem terras do Atacama que no passado pertenciam a eles e que o Chile tomou durante a Guerra do Pacífico, na segunda metade do século XIX.

Depois, mais para frente, o Christian nos preparou um delicioso café da manhã após cerca de 1h de iniciado o passeio, o que foi ótimo porque a gente mal tinha comido no Hostal. O café da manhã foi à beira da estrada com uma paisagem linda para as montanhas. Esse momento é importante para tomar chá de coca e/ou chachacoma para já começar a se aclimatar com a altitude que vai enfrentar. No meu caso, tomei um Tylenol por prevenção. Mas lembrem-se sempre de consultar seus médicos antes de viajar sobre como proceder nesses casos. Por exemplo, pessoas com labirintite podem sofrer bastante com a altitude.

Então seguimos para o Salar de Tara, que fica a cerca de 2h de São Pedro e, pelo caminho, fizemos algumas pausas para observar os monges de la Pacana do Salar, que são formações rochosas espalhadas ao longo do Salar, frutos de erupção vulcânica,  o Muai de Tara que também é conhecido como o Índio de Tara, outra impressionante formação rochosa enorme, esculpida pela erosão do tempo e vento que realmente parece com um índio.

Também pudemos admirar a bela Catedral, também uma formação rochosa que se assemelha a uma extensa parede já de frente para a laguna do Salar de Tara.

Mas eu confesso que esperava ver um salar mesmo, principalmente após ter visitado Uyuni. No de Tara, o que realmente nos chama a atenção é uma imensidão de deserto e muitas rochas coloridas, especialmente as brancas, as marcas nas rochas... a própria laguna do Salar de Tara é linda, em tons azulados. O único problema é que havia quase nenhum flamingo por lá, talvez uns 4 só rsrs... ainda bem que eu já havia visto muitos flamingos  durante a travessia para a Bolívia senão eu ficaria bastante frustrada. Acho até que não havia flamingos por lá porque eles migraram para a Bolívia rsrs...

O Christian, por fim, preparou o nosso almoço à beira da laguna, mais uma vez preparado pela Carlinha. E estava uma delícia!

Voltamos para São Pedro quase que direto, apenas com uma pausa para fazermos um "xixi inca" atrás da pedra rsrs.

Em São Pedro, nós aproveitamos para passear um pouco também e fizemos mais comprinhas por lá. Julio começou a não se sentir bem e acabamos indo ao Restaurante Tierra para comer uma empanada chilena que descobri que é diferente da argentina porque a chilena é frita. A massa era integral e estava bem gostosa, com pouca gordura, mas ainda assim pesou para mim e no dia seguinte eu também não acordei muito bem.

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No dia 02 de Abril, nosso passeio era bem cedo e o destino foram os Geysers el Tatio, dessa vez com o guia Sebastian da agência Flávia Bia Expedições. E era aniversário do Sebastian neste dia!

Saímos pouco antes das 6h da manhã porque o objetivo era chegar nos Geysers antes do sol nascer porque é quando a gente pode ver os Geysers com mais nitidez. 


- GEYSERS EL TATIO: Campo Geotérmico, Piscina Termal, Povoado de Machuca

. Tour: 60.000 cl

. Entrada no Parque: 5.000 cl


Como saímos muito cedo, eu confesso que nem observei a estrada porque acabei dormindo. Aliás, eu tenho esse problema com carros rsrs... São soníferos para mim! Ainda bem também porque a estrada era repleta de curvas bem sinuosas.

O importante a saber sobre esse passeio é que certamente ele será o mais frio de todos no Atacama, até mais frio que o Tour Astronômico. Para vocês terem uma noção, eu fui com 2 calças térmicas, uma calça bem quente, 2 meias térmicas, tênis de trekking térmico, 2 blusas térmicas, 1 tricot, um casaco de fleece térmico e um último por cima tipo aqueles fofinhos. Ou seja, eu virei um urso polar kkkk... e não passei frio, salvo nas mãos, porque eu tinha só uma luva (se der para colocar 2 luvas, será melhor!) e no rosto, é claro.

Quando chegamos, fazia uns 3°C e a sensação térmica com certeza era menor. A boa notícia é que depois que o sol nasce, começa a esquentar e, aos poucos, vai ficando mais e mais suportável.

Sobre os Geysers El Tatio, é realmente impressionante pensar que tudo aquilo ao seu redor já foi a cratera de um vulcão que explodiu de forma tão violenta ao ponto de formar o 3° maior campo geotérmico do planeta. É enorme! Imaginar que aquele vapor e a água em ebulição são provocados por atividades do magma é incrível.

Diferentemente dos Geysers Sol de Mañana da Bolívia que visitamos, onde o cheiro de enxofre era muito forte e causador de náuseas, no El Tatio a gente não sentiu tanto assim esse odor, embora ele exista lá também, não era tão horroroso como na Bolívia.

Ainda assim, para quem tiver receios, vale a pena usar uma bandana para proteger o nariz.

E o grande espetáculo da manhã foi o nascer do sol atrás da montanha com os geysers em primeiro plano, algo realmente único e inesquecível.

Sebastian preparou para a gente um café da manhã durante o nascer do sol, mas eu e Julio não estávamos bem de estômago e intestino, por isso eu fiquei só no chá mesmo.

Com o sol raiando, mais "quentinho" tomei coragem de tirar minha roupa de urso kkkkk... e encarei um tibum na piscina térmica que tem dentro do campo geotérmico. E haja coragem, viu?

Pelo menos a água, que também é oriunda dos geysers, era bem quente em muitos pontos (o lado mais perto dos Geysers era o mais quentinho). Chegava a ser engraçado porque a piscina é relativamente rasa e tive que ficar agachada o tempo todo para não passar frio. Acontece que ao tocar o solo em alguns lugares com as mãos ou pés parecia brasa e até queimava um pouco (mas não era queimar de fazer queimadura, mas sim de dar tipo um "choquinho").

A dica é deixar esse tibum para o final, quando faltar cerca de 1h para ir embora, porque a piscina estará mais vazia. Não sei o que se passa com esse povo doido que chega lá e corre para mergulhar na piscina antes mesmo de o sol nascer kkkk... mas fato é que ela estava super cheia e assim desanima um pouco.

Havia cabines para se vestir e colocar roupas mas não havia banheiros. O que me ajudou muito foi estar com um body de manga comprida que facilitou na hora de entrar e sair da piscina. Confesso até que foi menos pior do que eu pensava e a experiência valeu muito a pena!

Obs.: Sebastian nos contou que há poucos meses houve um acidente trágico nos Geysers quando uma senhora quis tirar uma foto mais perto da saída do vapor, ficou desorientada por causa da fumaça e deu um passo em falso para a frente no sentido do buraco onde a água está em ebulição, o que fez com que o terreno cedesse por estar instável e ela caiu no buraco. Ela foi resgatada pelo seu marido, mas teve mais de 70% do corpo queimado e não resistiu após 2 semanas internada no hospital de Calama. Seu marido também ficou com o braço queimado ao tirá-la de lá. O pior é que a agência não tinha telefone satelital e usaram o da Flávia para avisar o ocorrido. Levaram-na num carro comum para Calama e a guia, sem saber ao certo como proceder, retirou as roupas da senhora e junto com a roupa acabou saindo a sua pele também. Ou seja, um acidente horrível mas que é importante contar aqui para que sempre se respeite a trilha marcada, não se aproxime muito dos Geysers para fazer um passeio em segurança.

Lembrando que em São Pedro do Atacama só há um posto de saúde com paramédicos. Nem raio X tem lá. Logo, quanto maior for o cuidado tido pelo turista,  melhor, né?

Exatamente por causa desse acidente que o passeio da Flávia agora só visita um lado do campo geotérmico e não os dois lados por considerar que Onde aconteceu o acidente pode estar instável ainda.

No retorno a São Pedro, nós fizemos mais duas paradas: uma à beira de um rio onde observamos alguns pássaros que fazem seus ninhos no rio mesmo. Uma paisagem linda demais!

Outra parada foi no povoado de Machuca, local onde só residem mesmo 4 pessoas desse povoado que ficam por lá para fins absolutamente turísticos, vendendo espetinho de carne de llama, empanadas chilenas (que são fritas) e tem uma llama adornada para foto.

O vilarejo é bonitinho mas a impressão é que só existe hoje para fins turísticos mesmo. Nós fomos até a Igreja que fica mais ao alto, em uma colina. É legal ver como as casinhas são pequenas e baixas, com teto de palha, mas, ao mesmo tempo, com antenas modernas de TV e Internet rsrs.

Voltamos para São Pedro com uma certa folga para almoçar e descansar. Como Julio não estava bem, demos a sorte de ir ao Restaurante Rancho Cactus, na própria Calle Toconao, onde estávamos hospedados, super perto do Hostal La Ruca, onde o chef Pedro, brasileiro, preparou uma comidinha de doente para a gente: peixe ao vapor, arroz branco e purê de batata. Foi ainda o prato mais barato que comemos porque custou 3.500 pesos (a média de valores dos pratos em São Pedro é de 8.000 pesos e a média do menu completo nos restaurantes que oferecem também é por aí).

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Na parte da tarde, ainda no dia 02 de abril, nós fomos conhecer as Lagunas Escondidas!


Esse é um Tour mais novo em São Pedro que surgiu como alternativa ao passeio para a Laguna Cejar.

A proposta é semelhante, inclusive, com algumas diferenças. A Laguna Cejar fica mais perto de São Pedro e o passeio é feito em conjunto com os Ojos del Salar e a Laguna Tebinquiche.

No caso das Lagunas Escondidas, leva-se mais tempo para chegar e ficamos só lá mesmo.  Saímos às 16h e levamos pouco mais de 1h para chegar.

- LAGUNAS ESCONDIDAS: 
Tour: 40.000 pesos
Entrada no Parque: 5.000 pesos


Trata-se de 7 Lagunas em meio ao Salar de Atacama, sendo apenas 2 aptas ao banho. Essas duas são bem menores do que as Lagunas do complexo da Cejar, mas são tão divertidas quanto, pois também possuem cerca de 17% a mais de sal do que o Mar Morto e cerca de 30% a mais que o mar. Portanto, boiar é bem fácil nelas, de todas as formas: sentado, pernas cruzadas, braços ao ar, lendo uma revista... a gente pôde brincar bastante e até mais do que na Cejar porque nela havia muita gente quando fomos (era Semana Santa), já as Lagunas Escondidas eram praticamente só nossas!

Importante dar os mesmos alertas dados no caso da Cejar: não molhe seus olhos porque é muito sal! Se puder evitar molhar os cabelos, melhor ainda porque eles ficarão duros e o chuveiro de água doce só funciona até às 18:30 e fica muito distante das Lagunas. Nós até desanimamos de ir ao chuveiro tirar o sal do corpo porque era longe e gastaríamos o tempo de conhecer as outras lagunas se fôssemos lá porque o Sebastian, guia da Flávia, já estava organizando o coquetel de fim da tarde.

Assim, percorremos as demais lagunas e descobrimos que são impróprias para banho seja por serem muito rasas seja por terem em seu contorno uma camada de sal muito densa e cortante.

É impressionante pensar que o sal, com o passar dos anos, vai se condensando e tomando mais e mais espaço das lagunas, tampando-as. Em todas elas, inclusive na que entramos, todo o contorno é repleto de sal tão duro que parece pedra.

Então, após tirarmos muitas fotos, inclusive do pôr do sol, que foi lindíssimo, a gente se deliciou com mais um coquetel muito bem preparado pela Carlinha, com direito a vinho branco e ao entardecer no deserto. E o mais fofo é que a Carlinha, a pedidos da Flávia, fez uma sopinha de arroz, batatas e frango para o Julio, já que ele não poderia comer os itens do coquetel.

Voltamos para São Pedro tarde e fomos um pouco lá na casa da Flávia, que nos convidou para um churrasco com seus amigos. Foi muito legal conhecer o pessoal que trabalha no Projeto ALMA, um projeto que interessou muito ao Julio porque é um projeto em parceria com EUA, Europa e Japão para criar um observatório espacial no deserto de Atacama, com antenas a 5.000 metros de altitude, capazes de captar ondas de rádio emitidas desde o Big Bang e assim podermos entender mais sobre as origens do universo.

E devo destacar todo o carinho da Flávia com o Julio que, sabendo que ele estava indisposto e mal de estômago e intestino, pediu para a Carlinha preparar uma sopa "levanta defunto" rsrs, de frango, arroz, batatas e pouco tempero para ele se recuperar.

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No dia 03 de abril, pela manhã, nós saímos às 8h e fomos para mais uma aventura: Trekking Guatín.



Esse trekking, na verdade, pode ser feito de várias formas, a depender da época do ano, do nível do rio e demais condições.

. TREKKING DE GUATÍN: cerca de 3km (da forma como fizemos, descendo o rio), em torno de 2:30 / 3:00 de duração 
- Considerado de nível fácil se feito subindo no sentido das Termas de Puritama. Mas o que fizemos, descendo o rio, foi um nível mais intermediário de dificuldade.
- Tour: 60.000 cl
- Incluído: Lanche de Trekking com água, gatorade, cereais e nuts (castanhas, nozes, amêndoas...)


Quem nos acompanhou dessa vez foi o motorista Felipe e a Valentina, que também esteve conosco nas Termas de Puritama fazendo uma massagem super relaxante na gente. Dessa vez, a Valentina foi para nos guiar no Trekking, pois ela também é fisioterapeuta esportista. E foi ótimo o passeio, totalmente diferente do que eu imaginei.

Como nós já havíamos feito o Tour às Termas de Puritama na nossa primeira etapa no Atacama, antes de irmos para a Bolívia, Flávia e Valentina combinaram de fazermos um roteiro diferente, descendo o rio e não subindo o rio, como normalmente é feito para quem conjuga o trekking com as termas.

Portanto foi uma grata surpresa e achei bem mais bonito e mais interessante descer o rio, escalar as pedras, observar os cactos gigantes, admirar as pequenas cachoeiras... e fomos seguindo o rio, dentro do cânyon, até um ponto em que subimos, vimos também uns refúgios de pedras de muitos e muitos anos onde povos nômades se abrigavam.

Foi uma linda aventura, no melhor estilo Indiana Jones rsrs... pulando pedras, escalando algumas, passando pelo rio... muito bom mesmo!

A dica da roupa é ir com um casaco quentinho, porém leve, que dê para tirar e carregar com facilidade porque à medida que se começa a fazer o esforço físico, é natural sentir calor.  Eu, após uns 20 minutos, já estava só com a última blusa de malha fina, porque fui no modo cebola, com uma blusa de malha fina, uma térmica por cima e um casaco. Também coloquei uma calça térmica, uma legging e uma meis térmica. Foi até muito porque fiquei com calor no final.

E foi super importante, para mim, ter o tênis apropriado para trekking da North Face que tem a membrana GoreTex que é waterproof, isso porque a gente pisou muito em água, ao ponto de às vezes mergulhar o tênis em parte no rio para cruzá-lo (morri em 110.000 pesos na loja da North Face de  São Pedro do Atacama, mas não me arrependi porque o tênis foi fundamental!).

Voltamos para São Pedro novamente com folga para almoçar e descansar. Dessa vez, como Julio sentia-se melhor, fomos ao Restaurante El Toconar. Eu e Rebeca dividimos um menu completo que incluía entrada (escolhemos um ceviche), prato principal  (salmão com batatas assadas e legumes), de sobremesa uma torta de três leites e uma taça de pisco sour, por 7.000 pesos. Já o Julio escolheu um lomo salteado por uns 9.000 pesos.

Depois, ainda caminhamos um pouco pela Caracoles e tomei um sorvete. Há várias sorveterias (heladerias) pela Caracoles e nas transversais.

Voltamos para o Hostal La Ruca e ainda deu tempo para descansar de novo até o próximo passeio.

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Portanto, ainda no dia 03 de Abril, nós fomos de tarde com o Felipe, em mais um passeio organizado pela Flávia Bia Expedições, no Tour do Vinho.


. TOUR DO VINHO: Toconao + Lagoa Chaxa (Salar de Atacama)
- Saída e Retorno: 15:20 - 21:00 hrs.  - Tour: 50.000 cl 
- Entrada no Parque da Laguna Chaxa: 2.500,00


Partimos para Toconao, a cerca de 30 minutos de São Pedro do Atacama, onde primeiramente paramos em sua praça principal para visitar a igreja e depois fomos recebidos pelo Wilfredo, um empreendedor local de origem indígena, entusiasmado com seus empreendimentos e dono de hotel, da vinícola e do restaurante El Toconar no qual,  por coincidência, havíamos almoçado naquele mesmo dia.

Wilfredo nos explicou todo o processo de fabricação de seus vinhos no meio do deserto em dois locais distintos que visitamos. Primeiro, percorremos parte de suas terras e viñas. Ele contou que  só recebe água para irrigação de 25 em 25 dias, água esta que ele armazena em um tanque dentro do seu terreno e vai distribuindo e irrigando as parreiras todos os dias, em determinados horários, pelo sistema de gotejamento que é controlado por equipamentos que me pareceram bem modernos.

Wilfredo, que já carrega no sangue o interesse de seu pai pela agricultura no deserto, cresceu neste meio onde plantar uvas e fabricar vinhos, ainda que de forma mais rudimentar, era comum. Isso fez despertar sua curiosidade e ele foi atrás de estudos mais técnicos, esteve, inclusive, em Israel por duas vezes, onde aprendeu várias técnicas da viticultura em teremos áridos para implementar na sua pequena vinícola.

No primeiro ano, ele produziu pouco mais de 60 garrafas de vinho. No segundo ano, foram em torno de 250 garrafas. No terceiro ano, cerca de 1.500 garrafas. E hoje, já no quarto ano de produção, tem a estimativa de produzir cerca de 2.500 mil garrafas de vinho, sendo que seu Shyrah e Petit Verdod foram degustados por um professor e enólogo da Universidade do Chile, de Santiago, Sr. Álvaro Peña Neira, que ficou encantado com a qualidade de seus vinhos.

Na segunda etapa da visita, nós fomos a uma casa onde ficam armazenados os vinhos no processo de maturação e envelhecimento. Por enquanto, somente em tonéis de aço inox, mas o Wilfredo nos mostrou as primeiras barricas de carvalho francês que chegaram e que seriam em breve inauguradas para o armazenamento dos seus vinhos e envelhecimento deles. Ele explicou que, por uma questão legal, há investimento por parte das mineradoras na produção do vinho de Toconao. Como o Chile tem a maior parte da sua economia sustentada pela extração de minérios, as mineradoras são muito fortes por lá em todos os lugares, do norte ao sul do país. Achei interessante saber que a mineradora, que é uma empresa privada, se torna proprietária do terreno, do seu subsolo e do que está acima dele, o que é diferente do Brasil, onde a nossa Constituição prevê que o proprietário do subsolo é o Governo Federal que emite licenças especiais para sua exploração.

Pois bem, como as mineradoras chilenas obviamente fazem seus estragos na exploração dos terrenos, com degradação ambiental, existe esse regramento que o Wilfredo explicou que impõe que as empresas apoiem projetos das populações locais no seu desenvolvimento econômico. Daí que eles receberam essas barricas se carvalho francês, que são caríssimas, das mineradoras, e começaram a armazenar os vinhos nelas, o que certamente refletirá em novas notas aos vinhos, porque o amadurecimento do vinho na barrica de madeira produz sempre vinhos diferentes, com aromas e notas até mesmo mais elegantes, com mais corpo e taninos do que aqueles que passaram por tonéis de aço inoxidável.

Vejam que não é apenas o Wilfredo que produz, mas há outros produtores em Tonoconao que compartilham o espaço nesta casa e nós pudemos reparar que em cada tonel havia o nome do produtor, o tipo de uva, medições de data, acidez, teor alcoólico, local onde eles controlam a qualidade do vinho e também fazem seus experimentos, havendo um pequeno laboratório para eles testarem novos sabores, misturas, texturas.... Eles formam uma espécie de associação de produtores de vinho.

Os vinhos de Toconao, todos, recebem o mesmo rótulo com a marca Ayllu. Aliás, é um rótulo bem elaborado e bonito. O que diferencia um de outro é a parte de trás do vinho que mostra o produtor, a uva e o ano. Na essência, são vinhos orgânicos por não usarem pesticidas nem outros produtos químicos. No caso do Wilfredo, para efetivamente receber o certificado de vinho orgânico, falta 1 ano de produção porque o certificado só é emitido para viñas com pelo menos 5 anos de fabricação de vinhos, após realizados todos os testes para realmente comprovar que são orgânicos.

Todo o passeio foi muito interessante e diferente do que vimos fazendo no Atacama. Aprendemos bastante e vimos como a dedicação e o empenho de um povoado no meio do deserto são capazes de superar adversidades complicadas como o clima seco e a falta de água. Nós fizemos a degustação de 3 vinhos, sendo que dois ainda não estavam prontos, como no caso do Petit Verdod que até nos agradou mais. Portanto, para quem for lá nos próximos meses, se o Petit Verdod estiver pronto, essa é a nossa aposta rsrs... Pode trazer uma garrafa para a gente que ficaremos muito felizes kkkk...

Wilfredo nos ofereceu queijo de cabra, que estava delicioso, e uns biscoitos para acompanharem a degustação do Shyrah que experimentamos. Um vinho tinto muito suave, pouco ácido, com poucos taninos (confesso que nem senti os taninos). Acabamos comprando um vinho Ayllu Shyrah e curtimos muito a experiência!

Um detalhe super importante: as vinícolas de Toconao estão a mais de 2.400 metros de altitude, sendo as viñas de maior altura em todo o Chile!!

Como o dia ainda não tinha acabado, o legal do Tour do Vinho é que nele a gente pôde entrar no Salar de Atacama, que é enorme também, e visitamos a Laguna Chaxa.

Felipe, que nos acompanhou, é motorista e não guia. Ele estava encantado também por ter sido sua primeira vez no Tour do Vinho. Já na Laguna Chaxa, ele nos levou ao Centro de Visitantes que possui diversas informações sobre a fauna, a flora, o povo e a formação geológica da região.

Aquela imensidão de sal já nos surpreendeu de cara logo que chegamos. Incrível pensar naquela crosta tão densa e dura de sal e na sua formação ao longo dos milhares de anos. Por ainda não terem encontrado fósseis de animais marinhos no Salar do Atacama, a teoria que predomina é a de que sua formação foi em razão de erupções vulcânicas que expeliram muitos sais os quais, ao longo de milhões de anos, acumularam-se nas partes mais baixas do vale, devido ao arraste pelas chuvas, misturando-se também ao lençol freático e emergindo por evaporação, formando, dessa maneira, o Salar propriamente dito.

Felipe também nos mostrou um tanque que continha diversos camarões super hiper pequenos, talvez os menores do mundo, de coloração rosada, que, juntamente com plânctons também rosados, ambos existentes na laguna Chaxa, são os responsáveis pela cor dos flamingos.

Os flamingos são uma grande atração do Atacama e eu particularmente sou apaixonada por eles. Mas não demos muita sorte no Atacama nesta época porque eles já estavam em processo migratório. Graças a Deus que vimos muitos - MUITOS - nas lagunas que visitamos na Bolívia!

Lá na Chaxa, para minha alegria, havia um bom grupo de flamingos que compunham um cenário que parecia um quadro de tão lindo. Vocês sabiam que eles nascem com a cor branca, com o tempo passam para cinza e à medida que envelhecem e que comem esses camarões pequeninos e rosas, além dos plânctons, eles vão ganhando a cor rosada? No Atacama há 3 espécies de flamingos e o centro de turistas da Laguna Chaxa explica a diferença entre eles.

Então, como já chegamos depois das 18h, após as explicações dadas pelo Felipe e visita a essa sala de informações, nós fomos caminhar pelo Salar em direção à Laguna. Por causa da proximidade com o inverno, a cada dia que se passava no Atacama, o sol amanhecia mais tarde e se punha mais cedo, deixando os dias mais curtos e as noites mais longas. Logo, o pôr do sol, que não demorou a acontecer, por volta das 19:15, foi um verdadeiro espetáculo de cores e nuvens como ainda não tínhamos visto durante todos os nossos dias de viagem!

Eu diria que foi o pôr do sol mais lindo que vimos, pois, além das cores impressionantes que as nuvens desenharam o céu, a gente ainda pôde ver as revoadas dos flamingos, que iam de um lado para o outro. Foi um show inesquecível, quase como se o Atacama já soubesse que estávamos começando a nos despedir dele e que ele estava nos devendo esse pôr do sol para termos absoluta certeza da sua magnitude e grandiosidade!

Felipe nos preparou um lanche feito pela Carlinha, com pastinha, biscoitos, espetinhos e sobremesa. Dessa vez não teve bebida alcoólica porque dentro do Parque é proibido. Mas foi absolutamente especial assistir ao pôr do sol, ver os flamingos, a mudança de cores do céu... lindo!

À noite, nós nem tivemos coragem de sair porque já era tarde e os coquetéis preparados pela Carlinha nos passeios organizados pela Flávia eram mais que suficientes para a gente e, além disso, mais uma vez a Carlinha preparou uma sopa "levanta defunto" para o Julio que, embora já estivesse se sentindo bem melhor, não queria correr risco de ter recaídas já que o dia seguinte seria o mais importante: o Vulcão Láscar!

Por falar no Vulcão, o guia Elias, ou Super Elias, como é conhecido, foi nos ver nesta noite para conversarmos sobre a subida, os desafios, saber um pouco sobre a gente, se tínhamos roupas adequadas, sapatos, mochilas etc... foi uma ótima conversa, esclarecedora e tranquilizadora.

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Nosso último dia de passeio pelo Atacama, dia 4 de abril, ficou reservado para o maior desafio físico e psicológico da viagem: Trekking de subida ao Vulcão Láscar!!!


- VULCÃO LASCAR: vulcão ativo – requer aclimatação prévia – considerado nível fácil – passa pela Lagoa Legía
. Saída: Entre 05:00 e 06:00 hrs.
. Ascensão: entre 2 e 3 horas
. Descida: 1 hora
. Tempo de passeio: em torno de 9 horas
. Altitude: 5.592 metros no cumbre e 5.550 metros na cratera  
. Valor do Tour: 150.000 pesos


Bem, como vocês já sabem, esse foi também um passeio que fizemos com a Flávia Bia Expediciones (todos os passeios do Atacama foram feitos com ela) e o guia de montanhas, certificado, Elias, foi quem nos acompanhou neste dia de fortes emoções que começou bem cedo, às 5:40, quando ele passou para buscar a gente.

Saímos ainda no escuro (no Atacama, nesta época do ano que fomos - final de março e início de abril, só amanhece a partir das 7:30 / 7:40) rumo à Laguna Legía, que fica a mais ou menos 1:30 de São Pedro, onde fizemos uma parada para o café da manhã enviado pela Flávia que o Elias preparou para a gente, com itens importantes para a gente se preparar para a subida no vulcão: guacamole  (ou palta, como eles chamam), biscoito com chocolate, queijo, doce de leite  (que estava divino e eu comi um monte), pães que ele esquentava na hora em uma chapa, chás de Coca, chachacoma e outros, café (que dessa vez foi o coado mesmo e não o solúvel)... tudo pensado no que seria necessário e importante para o desafio que chegava.

Mas enquanto ele não chegava, a gente curtiu a bela paisagem da Laguna Legía que, àquela hora da manhã, ainda sem sol, parecia um verdadeiro espelho refletindo as montanhas, céu e vulcões ao redor... e fria! Ou melhor, congelante. Esse foi o momento mais gelado do dia e chegava a doer a mão, sem luva, na hora de comer o café da manhã. E isso porque não estava ventando! Imagine com vento? Deve ser sinistro.

Após esse momento de contemplação da Laguna Legía e de assistirmos a mais um belo nascer do sol, nós partimos em direção do Láscar, com mais uns 40 minutos de muita estrada cheia de "massagem natural" rsrs...

Obs.: Depois de quase 2 semanas passando por estradas de terra com muito sacolejo, a gente até que se acostuma um pouco e já até consegue dormir rsrs. Se bem que nesse caso eu sou facinha e durmo mesmo com trepidação se estiver cansada.

Chegamos em um ponto meio que numa "base" para início do Trekking onde havia outros 2 ou 3 grupos se preparando para subir. Acabou que nós fomos o último grupo.

Para nossa sorte, não estava "tão frio" nem ventoso. Elias emprestou um casaco de plumas super leve para mim e Rebeca e disse que esses eram os melhores, justamente por serem hiper leves e quentes ao mesmo tempo.

Eu estava vestida com uma calça térmica, uma calça aveludada por dentro que havia comprado no Peru em 2014, que é quentinha, duas meias térmicas, 2 camisas térmicas e o casaco de plumas. Luva térmica também, óculos de sol, gorro e passei muito filtro solar no rosto e na boca. Hidratar a boca é importante também.

Já contei para vocês que o Atacama tem uma das maiores taxas de radiações solares do planeta? Vimos muitas placas com informações queimadas, carros colocando proteção no painel contra a radiação, dentre outros sinais de que devemos nos proteger mesmo do sol. Agora imagine como não é essa radiação a mais de 5.000 metros de altura? Melhor não imaginar e usar um bom filtro solar. Eu gosto de usar no rosto só filtro com fator superior a 50 e prefiro as marcas Vichy e La Roche Posay.

O tênis apropriado para Trekking também foi fundamental, com travas na sola antiderrapantes, térmico e com cano mais alto, tipo bota. Uma mochila pequena e leve para carregar alguns itens também faz diferença. Elias ficou de levar uma para mim, mas esqueceu. Acsbou que uma garrafa de agua minha foi com o Elias e a de gatorade com o Julio e eu levei a bolsa da câmera (até um certo ponto). Flávia enviou para a gente uma garrafa de água e uma de gatorade, ambas de 750ml, quantidade suficiente para fazer o trekking. É recomendável levar uma garrafa extra de água para a volta porque serão 2h de carro para voltar para São Pedro. Flávia também enviou snacks de trekking, como castanhas, nozes, passas, barrinhas de cereais e chocolates.

Recomendo também levar lencinho de papel e álcool em gel porque esse é um Tour com apenas "baños incas". Tem que se desapegar kkkk e encarar a pedra.

E lá fomos nós! Eu, Julio e Rebeca, guiados pelo Elias. Não foi fácil! Aliás, com o perdão da palavra, foi foda! A princípio não me assustou saber que seria cerca de 2,5 km de subida e que começaríamos a mais ou menos 4.900 metros e chegaríamos a 5.550 metros na cratera, ou a 5.950 no cumbre. Eu já tinha encarado em 2014 a trilha da Laguna 69 no Peru - em Huaraz / Ancash - onde enfrentei duas montanhas numa caminhada em ziguezague de 7 km para cada trecho (14 km no total). De fato, Huaraz e a Laguna 69 foram realmente piores. Bem piores. Mas enfrentar essa altitude que passa dos 5.000 metros e o cheiro de enxofre que se começa a sentir no final da trilha também não é fácil. Ou seja, sempre será um desafio!

Outras duas dicas que eu acho que me ajudaram foram: tomar Tylenol antes do passeio e levar uma bandana para o rosto (comprei em São Pedro mesmo por 2.000 pesos) para amenizar o cheiro do enxofre. Quanto ao remédio, por se tratar de medicação e de um passeio que exige muito da pessoa, fisicamente e psicologicamente, eu acho legal que seja feito um check up antes com o seu médico para ver se está tudo certinho.

No começo tudo é festa, né? kkkk... nada disso! Tínhamos consciência da dificuldade e o Elias queria que mantivéssemos um ritmo constante de subida, sem paradas. Pronto, aí no Láscar a gente se lascou kkkkk... o tal de subir meio que direto foi muito intenso para mim porque lá no Peru eu fazia muitas pausas para recuperar o fôlego.

Elias explicou que se subíssemos em ritmo constante e direto, seria melhor para o corpo se acostumar, sentiríamos menos a altitude e poderíamos tentar ir ao cumbre, o que dependia também muito da fumaça e da sua direção porque, no dia anterior, que ele havia também subido, a fumaça estava intensa e impossibilitando ir ao cumbre porque é um cheiro muito forte de enxofre. Lembrem-se de que o vulcão é ativo!

É claro que nós pedimos para parar algumas vezes. Não lembro o total de vezes agora. Sei que foram com certeza apenas 2 vezes para sentar e descansar por cerca de 15 minutos, algumas vezes para beber água, respirar e levar bronca do Elias (nesse caso da bronca era para mim kkkk), sendo essas pausas bem curtas, de cerca de 1 a 3 minutos, e em pé mesmo porque o Elias não queria que a gente perdesse o ritmo. A ideia dele era a de que conseguíssemos caminhar pelo menos 30 minutos sem parar no início até a primeira pausa, depois 1h sem parar até a segunda pausa e depois mais 1h ou mais até a cratera porque a média de tempo gasto para a subida é de 2:30 a 3:00. 

Ele explicou que toda pausa que fizéssemos para sentar seria como se começássemos do zero depois e ficaria difícil para o corpo se acostumar com a altitude. Até que faz sentido, mas vai explicar isso para as minhas pernas? Eu juro que elas ficariam mais felizes com uma pausa a mais rsrs

Elias foi beeeeem rigoroso comigo. Primeiro, porque eu me atrapalhei no início com os bastões. Eu nunca tinha usado os bastões e, mesmo tendo certeza da importância e de como eles ajudam, eu estava bastante descoordenada.

Em segundo lugar, porque eu não consegui manter o ritmo que ele gostaria. De acordo com o Elias, porque eu estaria ansiosa. Mas não era. Eu juro que estava tranquila e consciente de ir até onde meu corpo suportasse ir. Então, eu mesma concluí que talvez esse fosse o meu problema: medo de forçar muito, de arriscar muito e passar mal. Por mais que o Elias dissesse o tempo todo que tinha o telefone satelital, corda para resgate, oxigênio e outros equipamentos, quando eu comecei a sentir o coração acelerado, as pernas bambas e náuseas no estômago, foi realmente difícil dizer para o meu corpo que esse era o momento de forçar mais e não de descansar. Isso porque a lógica das montanhas seria a de que, se eu sentasse, eu teria depois mais dificuldade. Realmente, não sentei! Eu queria subir! Eu queria chegar!

Diferentemente da Laguna 69, no Peru, onde pensei em desistir umas 20 vezes, no Vulcão Láscar eu não pensei em desistir hora alguma sequer. Mas eu também não conseguia mais manter o ritmo que o Elias gostaria. Apesar de todos os seus ensinamentos, de toda a pressão que o Super Elias botou em mim para eu dar o meu melhor, o meu máximo, porque ele dizia que não via em mim sinais de esgotamento físico nem de ter chegado no meu limite (ele realmente estava botando fé em mim kkkk... mas eu provavelmente não estava acreditando em mim mesma porque o cansaço já era grande), eu virei a retardatária... mas eu fui até o final e não desisti!

Obs.: Sinais de que a pessoa chegou ao seu limite e de que é hora de descer a montanha: boca seca, respirar o tempo todo pela boca, apatia, perda de cor na pele do rosto, olhos vermelhos, mau humor, tontura e desmaio, vômito... Elias fica o tempo todo de olho nesses sinais para determinar se a pessoa tem condições de continuar a subir ou não.

Diante disso, já faltando só um pouco para chegar na cratera, uns 10 a 15 minutos, a gente decidiu que Julio e Rebeca iriam na frente para chegar logo porque eles estavam muito bem e eu iria com o Elias, em um ritmo mais devagar.

Fato é que todos chegaram!!!! Começamos a subir por volta das 9:30 e eu cheguei mais ou menos às 12:45. Ou seja, não fiquei tão longe assim da média das 3h de subida rsrs.... Gastei 3:15 para subir!

Elias nos disse que nosso limite para começar a descer seria às 13:15 porque ele achava que eu ia demorar mais que a média, que é de 1h, e ainda teríamos 2h de estrada até São Pedro. Então, não daria para ir ao cumbre por falta de tempo. E eu nem queria mesmo kkkk... Já estava feliz por ter chegado na cratera e ver de perto um vulcão ativo!

Ficamos eufóricos, em êxtase, pois a alegria de ter vencido o vulcão não tem preço! Foi incrível mesmo a sensação de vitória!

E até fizemos um pulo coletivo para foto, viu? Lá na Laguna 69 eu não consegui pular, mas dessa vez, no Láscar, eu reuni as forças e juntei com a euforia e fui lá pular!

Ficamos cerca de 30 minutos na cratera. Quer dizer, eu fiquei 30 minutos e Julio e Rebeca ficaram uns 40 a 45 minutos no total. Mas foi tempo suficiente para comemorar, para tirar muitas fotos, para observar a cratera, para ver a paisagem, para mais fotos, para o Elias mostrar a caixinha de presentes, onde cada um deixa algo na caixinha e pega algo da caixinha. Deixei o cartão de visitas do Apaixonados por Viagens.

Deu tempo até de fazer um lanchinho rápido, beber água, recompor as energias e já era hora de encarar a descida!

Bem, a trilha, que nem sempre é muito bem marcada, é toda em ziguezague, na subida e na descida, repleta de pedrinhas, muitas pedrinhas que são ótimas para a gente escorregar na descida! Por isso que o Elias aconselhou que a gente descesse pisando com firmeza no calcanhar e não com os dedos dos pés. E lá fomos nós descer ou quase esquiar kkkk... Como a gente ia descendo meio que "escorregando" ou "derrapando", com os bastões em mãos para firmar e ajudar a não cair, a sensação era a de que estávamos esquiando na terra kkkk...

Foi fácil também não, viu? Manter o equilíbrio e, principalmente, manter-se em pé não foi tarefa fácil e vira e mexe alguém "quase caía". O bom é que os bastões realmente ajudavam. E em 50 minutos, nós chegamos no carro!

Uhuuuuuullllll!!!!! Yupiiiiiiiiiiii!!!!! Conseguimos! Missão cumprida!

Na volta para São Pedro ocorreu algo muito interessante para mostrar a importância de se ter um telefone satelital. Um carro com turistas estava parado com problemas na água e barulho estranho. Eles precisavam de ajuda e usaram o telefone satelital da Flávia para chamar. Eles não tinham o telefone, não tinham água para repor no carro ... foi muita sorte deles que nós chegamos lá.

Aliás, mesmo que você não queira fazer os passeios com a Flávia porque prefere outra agência, verifique sempre se a agência que você contratar tem telefone satelital, kit de primeiros socorros, oxigênio, step em bom estado e outros itens importantes para minimizar os perrengues.

Chegamos em São Pedro do Atacama felizes, vivos kkkkk e ainda na adrenalina de termos conquistado o Vulcão Láscar.

Fizemos as malas porque nosso vôo no dia seguinte para Santiago era muito cedo, deixamos tudo pronto e fomos jantar no Restaurante La Casona com a Flávia.

Os restaurantes La Estaka, La Casona e Blanco pertencem aos mesmos donos e, como já havíamos conhecido os outros dois, deixamos nosso último jantar em São Pedro para o La Casona.

Pedimos uma parrilla para 2 pessoas que na verdade servia muito bem até 4 pessoas!!! Era enorme e custou 23.000 pesos. Também pedimos uma salada de camarões e quinoa (Julio está viciado em quinoa após termos comido todos os dias na Bolívia kkkk). Pedimos também drinks chilenos para experimentar como o Terremoto e o Borgoña, ambos feitos à base de vinho.

E foi uma noite deliciosa!!! Conversamos muito com a Flávia, contamos das nossas expectativas e experiências vividas, da subida ao vulcão. ... foi ótimo e o restaurante La Casona, que é mais caro do que a média dos restaurantes de São Pedro, foi uma ótima pedida para nos despedirmos do Atacama.

**ATENÇÃO** Combinei com a Flávia que os leitores do blog e seguidores do Instagram do Apaixonados por Viagens terão desconto ao fechar seus pacotes de passeios no Atacama com a Flávia Bia Expediciones!!!!!

-->> ALGUMAS DICAS PARA OS RESTAURANTES <<--

. Propina ou Gorjeta: às vezes a conta vinha com o valor em separado, às vezes não. Quando não vinha, a gente sempre calculava 10% em cima do valor.

. Alguns Pratos Mais Conhecidos: 

- Lomo Salteado: carne de boi com batatas assadas, legumes e verduras. Eu amo e comi muito no Peru e no Atacama também.

- Quinoa: seja na salada, seja quentinha, seja o risoto, aproveite para comer a quinoa que provavelmente veio da Bolívia.

- Llama: se você não tiver  pena de comer, a carne de llama é uma delícia. 

- Ceviche: os peixes, frutos do mar e ostras do Atacama vêm de Antofagasta, a cidade mais perto de lá que fica no litoral. Portanto, tudo isso vai congelado, de avião, para Calama e depois vai para o Atacama. Logo, você não vai comer nada disso fresco, mas vale a pena experimentar, inclusive o salmão, que é muito pescado na costa chilena.

- Cazuela: é um tipo de sopa chilena

- Empanadas: já estão bem famosas no Brasil também e são muito conhecidas na Argentina. é uma espécie de pastel, mas o diferencial da chilena é que ela é frita e não assada. Isso não significa que você só encontrará a frita por lá, porque na Casa das Empanadas, no Salón de Té e em outros lugares da Calle Caracoles eu vi e comprei empanadas assadas também. A minha preferida e a mais tradicional é a de carne.

- Humitas: lembra a nossa pamonha. Feito à base de milho.

- Palta: vocês perceberão que os chilenos amam colocar abacate na comida, o nosso conhecido guacamole faz muito sucesso por lá. Inclusive, a Carlinha, cozinheira divina da Flávia Bia Expediciones, fez um ceviche com palta para a gente no dia das Termas de Puritama que estava uma coisa de outro mundo de tão maravilhoso.

. Músicos: você pode gostar ou não, mas às vezes, principalmente durante os jantares, você pode ser surpreendido por um músico cantando do nada para o nada dentro do restaurante. Na verdade, em maioria, são pessoas locais que entram no restaurante que permite a sua presença para cantar umas músicas, geralmente não passa de 4, e depois pedem uma ajuda. Julio sempre dava umas moedinhas, até porque ficar carregando um monte de moedas não é o forte dele. Fica a cargo de cada um contribuir com os artistas ou não.

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** SOBRE O SOROCHE **

O mal das alturas, também conhecido como soroche assusta muita gente e até impede algumas pessoas de viajar para lugares assim, como no Atacama, no Peru. Vocês sabem que eu e Julio tempos quase que como marca registrada os nossos pulos mundo afora, certo? Mas pular a mais de 4.000 metros de altura não é fácil e requer aclimatação prévia, ou seja, que seu corpo esteja já acostumado com a altitude. 

Durante toda a viagem que fizemos o nosso corpo foi desafiado com alturas que superaram os 5.000 metros de altura. Mas isso porque a gente subiu o vulcão Láscar, como vocês leram lá em cima. Se você não quiser subir um vulcão, ainda assim vai encarar alturas de até 4.950 metros na Bolívia e no Atacama. Para me prevenir do soroche, eu tomava um Tylenol de manhã (não deixe de consultar sempre seu médico antes de viajar para saber o que você pode tomar e até quantos comprimidos tomar por dia para não sobrecarregar seu fígado e prejudicar seu estômago). 

Eu sempre carregava comigo também um Dramin para o caso de enjoo e só tomei duas vezes durante os 12 dias de Atacama e Uyuni. Levei Floraril para a viagem que também foi usado muito por mim e Julio porque nós dois tivemos desarranjos por lá. 

Fora isso, eu não tive dor de cabeça, mas Julio ficou baqueado por dois dias, com estômago e intestino bem ruins. Minhas amigas tiveram problemas com dor de cabeça e enjoos quase que constantes. 

Outra dica muito importante foi a de tomar muuuuuito chá de coca e chachacoma!!!!! Muito mesmo! Eu acho que ajudou. Se você puder tomar todo dia antes de dormir e todo dia de manhã, antes dos passeios, mal não fará e eu acredito que ajude a aclimatar.

Logo, o soroche não é brincadeira e o ideal é fazer um check up antes de viajar. Por exemplo, quem tem labirintite pode ter problemas em alturas assim. Para saber mais sobre o que levamos na viagem, nossa farmacinha e outros itens, veja no Roteiro completo da viagem onde eu contei tudo para vocês 


** VOCÊ SABIA QUE **

Você sabia que a Llama, o Guanaco, a Alpaca e a Vicuña são de espécies "primas" do Camelo? Aliás, são chamados de camelos andinos. 

Você sabia que a Llama é fruto do cruzamento da Alpaca com o Guanaco? E que as Llamas precisam ter sua lã retirada enquanto que a Vicuña não pode. Se retirar o pelo da Vicuña, ela morre. Inclusive, no Chile, a Vicuña é protegida e não pode ser caçada nem consumida, diferentemente do caso da Llama. 

Por fim, Llamas e Alpacas são animais domésticos enquanto que Guanacos e Vicuñas são mais selvagens. Mas não irrite a Llama porque ela já foi considerada como um dos animais mais irritáveis do planeta, apesar da sua carinha dócil. Por fim, as Llamas podem beber até água salgada!

E esse foi um dos aprendizados do Atacama!



** RESUMO DOS RESTAURANTES ONDE ESTIVEMOS **

Estivemos nos seguintes restaurantes em São Pedro:

- Mais Sofisticados e Mais Caros:

. La Casona: Calle Caracoles
. La Estaka: Calle Caracoles
. Blanco: Calle Caracoles

- Mais Descontraídos e Um Pouco Mais Baratos:

. Restaurante Tierra: Calle Caracoles
. El Toconar: Calle Caracoles
. Rancho Cactus: Calle Toconao
. Delícias de Carmen: Calle Caracoles

- Mais Para Lanches e Mais Baratos:

. Salón de Té: Calle Caracoles
. Casa da Empanada: Calle Caracoles
. Librería: Calle Caracoles

Ao longo da Calle Caracoles vocês encontrarão alguns mercadinhos para comprar água, lanchinhos rápidos, sanduíches, snacks, biscoitos, frutas... Vale a pena comparar os preços para quem quiser pechinchar um pouco. Por exemplo, havia lugar vendendo o galão de água de 6 litros por 1.700 pesos e havia outro vendendo a 2.000 pesos.


** COMPRAS **

Para que gosta de artesanato local, ímãs, canecas, produtos feitos a partir de lã de alpaca e llama e outras coisas, tem a feira de artesanato chamada Pueblo de los Artesanos, onde não fomos, mas há também uma Feria de Artesanía quase em frente à Igreja e ao lado do posto dos Carabineros, na Praça Principal (basta seguir pela Calle Toconao, atravessar a Calle Caracoles e seguir adiante que chegará na praça).

Agora, se não quiser ter esse trabalho, basta caminhar pela Calle Caracoles e entrar em suas inúmeras lojas. Há também lojas que vendem marcas boas e conhecidas do universo de trilhas e montanhismo, como a The North Face e Columbia. 

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Por fim, porque tudo que é bom um dia acaba, no dia 05 de Abril, nós fomos embora de São Pedro do Atacama para Santiago. O Transfer Pampa, que foi previamente agendado pela Flávia, nos buscou no Hostal La Ruca às 6:00 da manhã e chegamos em Calama, onde pegamos o voo, por volta das 7:20, com bastante folga para fazer o check in, já que nosso voo seria às 08:55. 

E assim encerramos a nossa viagem pelo Atacama! Uma viagem incrível, reveladora de paisagens deslumbrantes e inesquecíveis!

O meu muito obrigada a toda a equipe da Flávia Bia Expediciones, que tão bem nos recebeu durante nossos 8 dias de passeios pelo Atacama, prestando serviços incríveis, uma turma super atenciosa, desde as comidas maravilhosas preparadas pela Carlinha, ao carinho da Rose que sempre nos orientava sobre os tours, além de guias e motoristas super responsáveis, animados e que fizeram dos nossos passeios ainda mais especiais, como o Sebastian, o Christian, o Super Elias, o Felipe, a doce Valentina, o fotógrafo Diogo... enfim, só tenho a agradecer pelo apoio que a Flávia nos deu, pela confiança no trabalho do Apaixonados por Viagens, por ter dado tudo absolutamente certo e pelo empenho dela e de sua equipe linda em fazer da nossa viagem inesquecível!  

Portanto, se vocês curtiram nossa viagem, as fotos e leram sobre os passeios que fizemos com segurança, telefones satelitais, oxigênio, muitos cuidados e mimos, como roupões felpudos, vinhos, pisco, doces.... percebam que a Flávia tem, além dessas vantagens todas que listei, a facilidade de permitir que você pague por meio de transferência bancária para uma conta brasileira a reserva dos passeios. Ou seja, ao escolher uma agência para passeios no Atacama, considere tudo isso e lembre-se de que fazer uma viagem em segurança é o mais importante!

Aguardem mais posts que eu ainda vou escrever muito mais sobre lá e postar as fotos da Canon!





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