Vamos falar de Gastronomia no Leste Europeu?
Quem nos acompanha no Instagram, sabe que voltamos há pouco tempo de mais uma EuroTrip, onde passamos 22 dias, principalmente no Leste Europeu. Clique Aqui e confira todos os nossos posts no Instagram sobre esta viagem.
Nosso roteiro de Carnaval + Férias foi assim:
- 2 noites em Paris
- 2 em Brasov (Transilvânia)
- 3 noites em Bucareste/Romênia
- 1 noite em Bratislava/Eslováquia
- 5 noites em Budapeste/Hungria
- 2 noites em Ceský Krumlov/Rep Tcheca
- 1 noite em Pilsen/Rep Tcheca
- 3 noites em Praga/Rep Tcheca
- 3 noites em Cracovia/Polônia
Aproveitamos que compramos as passagens aéreas com a Air France/KLM e, na ida, como não existe voo direto do Brasil para a Romênia, a gente fez um StopOver em Paris de 2 noites e depois seguimos para Bucareste.
Não sabe o que é um Stopover? É quando você não paga a mais para ficar no país base da cia aérea, no local onde ela obrigatoriamente deve pisar antes de seguir viagem e onde você terá que fazer conexão. Muitas companhias aéreas não cobram se você quiser ficar alguns dias no país sede dela. No caso da Air France, como a França é o país sede da empresa, você pode verificar a possibilidade de ficar em Paris alguns dias sem pagar a mais para seguir viagem até o seu destino final.
Quer saber como funciona o Stopover e como na prática você pode fazer essa análise? Então clique aqui e entenda o Stopover.
E como a gente ama comer e experimentar coisas novas, resolvi fazer esse post exclusivo sobre a Gastronomia no Leste Europeu, reunindo aqui o que mais vimos por lá, o que aprendemos e o que mais curtimos.
Afinal, a gastronomia faz parte da nossa experiência de viagem e com ela aprendemos muito sobre o país, sua formação e influências.
Mercado Central de Budapeste |
Para começar, você encontrará muitos Lángos na Romênia e na Hungria. Ele lembra uma pizza, porém, sua massa é frita (adeus dieta!), e a cobertura básica dele é um sour cream com queijo ralado, servida fria. Confesso que isso me decepcionou muito porque estava bem frio! Fui ainda no final do inverno e esperava, na primeira vez que comi, que ele fosse todo quentinho, como uma pizza.
Mas não é! Tirando isso, ele é gostoso, fácil para comer na rua, como lanche da tarde, é encontrado em vários lugares e sempre com bons preços. Aquela pausa boa para recuperar as energias no meio da tarde e seguir passeando.
Enquanto o Lángos é salgado e frito, o Kurtos, outro lanche bem tradicional, é assado e doce. Apesar de você encontrar o Kurtos (às vezes com outros nomes), na Romênia, Hungria e República Tcheca, a receita é originalmente da Transilvânia e foi exatamente lá, na terra do Drácula, que nós conhecemos a iguaria.
Lángos é o que lembra a pizza e o Kurtos é essa massa em formato de tubo |
A bem da verdade, a Transilvânia fez parte do antigo Império Húngaro até o fim da 1ª Guerra Mundial. Então, forçando um pouquinho a barra, dá para dizer que a receita é húngara (mas sabemos que é da Transilvânia!).
Você come o Kurtos puxando e desenrolando a massa (o tubo). Este aí era de Oreo. |
Na República Tcheca, seu mérito foi acrescentar toppings à receita, com sorvete, chantilly e frutas, a gosto do freguês.
Kurtos com Sorvete |
Trata-se de mais um lanchinho fácil de comer durante as andanças turísticas, barato, encontrado em vários lugares e que você tem que experimentar.
Outra curiosidade é que, em Bucareste, capital da Romênia, um lanche comum nos parques da cidade é o Milho! Esse já é conhecido aqui do brasileiro, especialmente dos cariocas, porque temos também o hábito de comer milho cozido na praia. Lá em Bucareste, eles comem o milho cozido ou assado. Às vezes, após assar, eles passam o milho na frigideira também.
Nós comemos o assado e achei bem gostoso, com a diferença de que ele fica mais grudentinho, sabe? Gruda nos dentes kkkk... diria que é a principal diferença para o milho cozido. Como a Romênia é um país bem pobre e como ficamos com medo de comer o milho cozido na rua, a gente optou pelo assado por acharmos mais higiênico.
Pato com dumplings e sauerkraut (também conhecido como chucrute) é outro prato comum pelos cardápios dos restaurantes da Hungria e República Tcheca!
O Pato é assado e servido quase sempre com molhos e a peça inteira da sua asa. Eu comi em diversas ocasiões e confesso que fiquei apaixonada pelo sabor. Não sei vocês, mas eu gosto de pato.
No Leste Europeu, os dumplings podem ser feitos com pão ou com farinha de trigo. Dumpling nada mais é do que um bolinho e os formatos variam. Porém, o formato mais encontrado é o que lembra um pastelzinho, como se fosse um ravioli.
Dumpling de Batata |
Dumpling de batata |
Dumpling de Farinha (esse lembra o ravióli, recheado) |
A pegadinha é que nem sempre o dumpling é recheado. Pelo que pude perceber, em regra, como acompanhamento ele não é recheado.
Dumpling de Pão |
Na Polônia, o dumpling recebe o nome de Pierogi e, por lá, o mais tradicional é que ele seja recheado. Os recheios variam entre carnes, cogumelos, legumes, queijo... e os molhos também podem variar.
Pierogi em Street Market, Cracóvia |
Pierogi |
Pratos típicos poloneses |
Algo que nos chamou muito a atenção foi a presença forte de proteínas nos pratos eslavos. Eles realmente gostam de carne e outra iguaria que nos acompanhou a viagem inteira foi o Joelho de Porco, que por lá é traduzido para o inglês, nos cardápios, como Knickle (junta).
Total influência germânica que ficou e faz sucesso, assim como o sauerkraut, o Joelho de Porco é prato tradicional na Transilvânia, mas até aí a gente entende porque essa região teve forte colonização saxônica no passado. A surpresa mesmo foi encontrar com ele em outros países e ainda pudemos apreciá-lo na Hungria e na República Tcheca.
Outro prato tradicional húngaro que vocês encontrarão com facilidade pelo Leste Europeu é o Goulash, uma espécie de sopa, tipo um caldo, que tem por base carne, cebola, cenoura, batata e temperos.
Os Goulashs que experimentamos na Hungria eram bem temperados e provavelmente levavam páprica, já que esta especiaria é praticamente reverenciada na Hungria! Eles amam páprica e sabores fortes por lá.
Goulash |
Páprica |
Como estava frio em Budapeste, local onde mais passamos frio durante toda a viagem, tomar o Goulash ajudava a esquentar também.
Por falar em sopas, na Transilvânia eles também se esquentam com uma sopa servida no pão, chamada de Ciorba! Uma iguaria, à base de carne, linguiça, feijão, legumes e muito tempero!
Ciorba |
Sopas (são mais caldos), em Cracóvia (a da direita é de beterraba) |
E já que voltamos para a Transilvânia, vale também registrar que eles adoram uma polenta com queijo, bacon, linguiça... huuuummmm... Mamma Mia! Era bem gostosa, mas ficamos intrigados com esse pezinho italiano na culinária romena.
Polenta, gratinada com queijo e linguiça |
Polenta como acompanhamento do prato |
Uma curiosidade é que na Eslováquia, por sua vez, seus pratos mais tradicionais têm por base o nhoque!
Um prato bem clássico é o nhoque com queijo de cabra.
Mas não pensem que o nhoque é apenas servido como prato salgado em Bratislava! Ele também está presente na sobremesa. Nós experimentamos uma que, segundo a nossa atendente é bem tradicional, que seria nhoque de batata com mel, açúcar e nozes. A combinação inusitada até que é gostosa, porém pouco doce e acaba sendo mais uma refeição porque o nhoque pesa um pouco, né? Ou seja, não é muito leve.
Nhoque Doce |
Aliás, os doces por lá, no geral os que experimentamos, não eram muitos doces. Aqueles que reclamam de doces que são doces demais ficarão felizes por saber que no Leste Europeu as sobremesas são pouco doces.
Na Hungria e na República Tcheca, a gente experimentou algumas versões de.... DUMPLINGS! hahahaha... vejam só como eles são criativos, né?
Dumplings doces são servidos recheados de frutas ou geleias, podendo vir quentes acompanhados de sorvete ou chantilly. Mais uma vez, são gostosos, porém, após uma refeição completa com entrada e prato principal, confesso que a sobremesa acabava sendo um pouco pesada.
Em Cracóvia, na Polônia, ficamos sabendo que uma das sobremesas mais tradicionais é a cheesecake. Aproveitamos para provar e fugir um pouco dos dumplings, nhoques e pierogis kkkkk...
A cheesecake é bem leve, pouco doce e gostosa. Mas eu já estava com saudades das sobremesas mais doces (meu paladar é mais doce... sorry!).
Cheese Cake |
Na Transilvânia, não deixem de pedir o Papanasi, sobremesa típica que lembra um donut, com cream cheese no topo e recheio de geleia com sour cream. É bem gostoso também e massudo kkkk... Já perceberam que, no geral, eles gostam de sobremesas com sustância.
Papanasi |
Por fim, com relação às bebidas, a gente se manteve fiel quase o tempo todo à cerveja! Buscamos experimentar as cervejas locais, as artesanais das regiões que visitamos.
Nem preciso dizer que na República Tcheca a gente não pensou em outra coisa, né? Ainda mais que visitamos a cidade de Pilsen!
Chope da Pilsner Urquel |
Mas a verdade é que o Leste Europeu surpreendeu com suas cervejas locais e a gente não ousou muito em escolher outras bebidas como vinhos, por exemplo.
Até experimentamos um vinho húngaro, mas não podemos opinar muito sobre os vinhos.
Restaurante Gettó Gulyas, em Budapeste |
Nem mesmo na Polônia, que por influência de décadas de ditadura soviética também é famosa por ser um país onde se bebe muita vodca (os russos deixaram suas marcas), a gente também procurou experimentar as cervejas locais e também coquetéis.
Quando eu escrever sobre cada país, prometo que vou voltar ao assunto da gastronomia, mas queria compartilhar aqui com vocês, especialmente para quem pensa em ir para lá, para já ter uma ideia do que vai encontrar.
A boa notícia é que o Leste Europeu é muito muito barato mesmo. A gente ficava às vezes surpreso com o valor das comidas, com o valor final nos restaurantes. Para terem ideia, há vários restaurantes com estrela Michelin em Budapeste, Praga e Cracóvia. Até fomos em um em Budapeste, o Aszú, e a conta não chegou a 200 reais, para terem uma ideia.
Em Cracóvia, passamos na frente de três restaurantes com estrela Michelin e os preços médios dos pratos eram de 50 reais. Com isso vocês já imaginam como é bem em conta fazer uma refeição nos restaurantes mais normais, menos estrelados e badalados, não é?
Em Cracóvia, passamos na frente de três restaurantes com estrela Michelin e os preços médios dos pratos eram de 50 reais. Com isso vocês já imaginam como é bem em conta fazer uma refeição nos restaurantes mais normais, menos estrelados e badalados, não é?
Por isso mesmo que a dica para quem for é se jogar na gastronomia desses países, aproveitar os preços bem em conta para experimentar, para ousar nos sabores, para aprender sobre a culinária local, compreender suas influências que sempre estão relacionadas ao passado, à formação das suas nações... porque tudo isso também é uma grande experiência na viagem!
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