11 maio 2017

Nova exposição no CCBB/RJ - Los Carpinteros: Objeto Vital

Por Jessica Maciel

Los Carpinteros: Objeto Vital

Estreou no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB-RJ), no dia 03/05/2017, a exposição artística OBJETO VITAL, do coletivo cubano LOS CARPINTEROS. Criado, em 1992, pelos artistas Alexandre Arrechea, Dagoberto Rodriguez e Marco Castillo, mas integrado, atualmente, somente pelos dois últimos, Los Carpinteros trazem ao Rio de Janeiro uma grandiosa exposição, contendo mais de 70 obras de arte, dentre esculturas, desenhos, vídeos, aquarelas e muito mais.



O Apaixonados por Viagens foi convidado a participar de um encontro da imprensa com o coletivo, que é um dos mais importantes da atualidade, e conta pra vocês como foi viajar nessa exposição viva, alegre e cheia de cultura.



A mostra conta com obras que remontam à origem do coletivo (algumas das quais os artistas só reencontraram mais de 20 anos após suas criações), que revelam sua evolução ao longo do tempo (incluindo a utilização de diferentes instrumentos e materiais) e também com outras inéditas, confeccionadas especialmente para a exposição no Brasil.


Tendo como característica comum o forte apelo social, como os próprios artistas descreveram, o acervo adota como tema a força e a vitalidade que um objeto comum pode adquirir, transformando-se em verdadeira manifestação, seja ela artística e cultural, seja ela de denúncias sociais e de protestos. Tudo isso com uma pitada de ironia, de “irreverência”, de humor e, claro, de muita inteligência a partir da observação crítica dos fatos à sua volta.


Dividida em 3 blocos, a exibição se apresenta da seguinte forma:

1) OBJETO DE OFÍCIO

Representa a fase inicial do coletivo, com forte ênfase na manufatura artesanal de objetos relacionados ao seu cotidiano e ao contexto histórico. Estamos falando de Havana, nos anos 90, no período pós-queda da União Soviética, onde imperava naquele país (Cuba) uma das mais graves crises econômicas. Segundo os próprios artistas, era “como se todos os cubanos fossem como os brasileiros mais pobres”. A fome e a sede também se mostravam ferozes, além da agressividade demonstrada pelo governo. Nessa fase, destaca-se o uso da madeira, que era encontrada nos casarões cubanos desabitados. O nome do coletivo, Los Carpinteros, surgiu incusive em razão dessa fase.


Havana Country Club: espaço restrito a certas categorias de pessoas e inacessível à população.


Retrato da vida sacrificada dos cubanos.



“Senhor, perdemos tudo no jogo. – Tudo? - Tudo menos uma coisa. – Qual? – A vontade de voltar a jogar.”


2) OBJETO POSSUÍDO

Esse momento retrata a fase em que o coletivo conquistou expressão internacional, retratando não somente questões cubanas, mas sim problemáticas transterritoriais. O bloco tem por proposta mostrar a fuga do ninho, com inserção dos artistas em outros espaços. Nessa fase, o uso da manufatura local dá lugar às construções quase que autônomas dos objetos, é como se os próprios objetos dessem forma àquilo que quisessem. Aqui, os objetos são donos de si.


Camas que se entrelaçam e estante que se contrai e se expande como músculos de acordo com a força impressa sobre ela.


Paredes de xícaras de chá/café. Os artistas ao criarem a obra pensaram em como compatibilizar o caminho de Santiago de Compostela percorrido pelos peregrinos e a essencialidade diária do café.

Carrinho de compras e de lixo juntos. Uma mistura inusitada entre consumo e lixo.


3) ESPAÇO OBJETO

Esse bloco explora a arquitetura como forma de subversão do uso e da finalidade que lhe são comumente destinados. Aqui, reinam as propostas de intervenção no espaço urbano e a ligação entre os espaços público e privado. Um traço característico dessa fase também é a construção de projetos utópicos.

Uma tela sugestiva de um “prédio- armário”, onde os apartamentos seriam as gavetas, chamou minha atenção. Embora pintado em Havana, o quadro foi inspirado nos prédios altos de São Paulo/SP.



À frente, projeto de sala de leitura ampla e totalmente acessível; atrás, a peça “Robotica, em madeira, metal e peças Lego.

O trabalho do coletivo é realmente intrigante e algumas obras marcam, como o quadro do Alicate com a planta de uma casa.

A mostra está imperdível, valendo super a pena conhecer ou conferir um pouco mais desse coletivo que já apresentou suas obras em renomados museus, como o MoMa e o Guggenheim, em Nova York, o Museum of Contemporary Art, em Los Angeles e a TATE Gallery, em Londres.

A exposição será exibida entre os dias 03 de maio a 01 de agosto de 2017, no CCBB-RJ (Rua Primeiro de Março, 66, Centro).  



Pra aguçar mais ainda a curiosidade, seguem mais fotos de OJETO VITAL:



Da esquerda para direita: Dagoberto Rodriguez,  Marco Castillo e uma das representantes da mostra




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