02 junho 2016

Tour Gastronômico em Santa Teresa: Cafecito

ATUALIZAÇÃO SETEMBRO 2017: INFELIZMENTE, O CAFECITO ENCONTRA-SE FECHADO.

No mês de maio de 2016, eu tive a oportunidade de conhecer lugares novos em Santa Teresa que nem imaginava que existissem por minha total falta de hábito de explorar mais essa região tão charmosa da cidade. E foi assim que chegamos ao Cafecito, um casarão que estimamos ser do final do século XIX (não se sabe ao certo a data de construção), com jeitinho colonial, charmoso, lindo e riquíssimo em decoração.



Café, bar, delicatessen, restaurante... o Cafecito é um lugar bem completo para todas as horas! E quando fomos, numa sexta feira, estava bem movimentado também no seu último andar, onde funciona o restaurante e pizzaria.




Dois argentinos e uma manauara juntos, hoje em dia, tocam a casa, que tem uma longa história por trás dela que vem lá de Buenos Aires quando um belo dia, Mavi, mãe de Santiago, um dos donos, resolveu vir para o Brasil tentar a sorte e vender roupas de sua boutique portenha, pois, em função da forte crise assolava o país, ela estava com um estoque repleto de roupas de finas para vender e mal tinha dinheiro para comer. Juntou coragem e muito espírito aventureiro e veio vender seus produtos na praias e, aos poucos, foi se capitalizando e crescendo. Depois trabalhou em camelô até, finalmente, chegar em Santa Teresa e abrir sua primeira loja de roupas, acessórios e artesanato no coração de Santa. 




Com o passar do tempo, seu filho Santiago também veio para o Brasil e, junto com Mavi compraram esse casarão onde, nos primórdios, Santiago organizava rodas de samba. Calma aí... tem algo de errado nisso! Não era para ser um tango? rsrs... brincadeiras à parte, fez tanto sucesso, a casa ficava tão cheia, que Santiago preferiu ter sócios nessa empreitada, mudar alguns conceitos, dar um banho de sofisticação e requinte aos ambientes, contando com a participação de Fabian, seu sócio, e, hoje, de Natasha, que vem reformulando o cardápio e acrescentando muita brasilidade e muitos elementos não apenas de sua origem manauara como também ingredientes da culinária de países da América Latina, para além da Argentina, como o Peru e a Bolívia. 

Que tal a história do lugar? Fascinante, não é mesmo? E tão rica quanto a sua história é o casarão em si, repleto de adornos para todos os lados, com muita riqueza em detalhes, muitas referências folclóricas brasileiras, bem como argentinas, o espaço é um verdadeiro charme!

Escadas, varandas, janelões para a rua, paredes em pedra, mesas de ferro, bancos de madeira compridos, panelas de cobre e bonecos que enfeitam as paredes, holofotes de teatros que servem de lâmpadas, uma grande mistura com itens rústicos, harmonizado com com plantas e bonecos que deixam os ambientes do Cafecito ainda mais especiais e aconchegantes.

Eu achei o banheiro lá de baixo super criativo e engraçado!!


A parede "uruguaia" formada por garrafas de vidro, do último andar, também é um algo super diferente.

Para todos os lados que se olha há muita informação que nos faz até perder algo. Portanto, a dica é visitar todos os salões da casa para ver como os ambientes são diferentes entre si e cheios de personalidade.


Logo que se chega, ao subir a primeira escada, você estará na parte mais dedicada ao café. E quem cuida do café é o Santiago! Infelizmente, ele não pôde estar no dia conosco nem pudemos retornar para conhecê-lo e tomar seu famoso café, preparado especialmente para ser servido lá.



Quem cuida dos pães da casa é o Fabian! E, agora, quem está cuidando do cardápio para refeições, é a Natasha, que também assina o cardápio de outro restaurante super tradicional e conhecido em Santa Teresa, que é o Espírito Santa, onde já tivemos a oportunidade de ir por algumas vezes e simplesmente adoramos!



Então, logo no primeiro andar, você tem esses ambientes e também uma pequena lojinha onde se pode comprar café, compotas, vinhos, por exemplo, e outros itens de decoração, repleto de móveis rústicos e mais bonecos enfeitando o lugar


No segundo andar, temos outros dois ambientes, um fechado e muito elaborado com decoração em madeira, bonecos, placas com referências religiosas e janelões que nos fazem viajar no tempo para uma Belle Époque carioca.



Na verdade, a sensação é de não estarmos mais no Rio de Janeiro cosmopolita e agitado, mas sim em alguma outra cidade de interior que ainda conserva casas  históricas, com ritmo vagaroso e sereno.


O outro ambiente, onde acabamos ficando, é aberto, com mesas ao ar livre, alguns jardins e está dividido em dois planos. Era no segundo plano que ficavam as bandas nos primórdios da casa, com as rodas de samba.




Um bar e um grande forno a lenha ficam mais expostos para vermos. No forno são feitas as pizzas e focaccias, super pedidas por lá.

Como ficamos no último andar, nós conhecemos um pouco do cardápio do jantar da casa e acolhemos todas as sugestões feitas por Fabian e Natasha. Fabian ficou conosco durante toda a noite e tivemos um ótimo bate papo sobre suas experiências no mundo cinematográfico e fotográfico e, o que mais nos despertou a curiosidade, sobre uma viagem que ele fez com o Amyr Klink. Portanto, já viram que rolou muita pergunta da nossa parte sobre essa aventura!!


A respeito do cardápio em si, para jantar, ele é enooooooorme! Muito diversificado, desde saladas a pratos típicos de outros países sul americanos, como Argentina, Peru e Bolívia, e, por isso, ficamos realmente indecisos sobre o que pedir e foi uma honra ter a presença da Natasha para nos orientar.



- Causitas (R$32,00): nacos de batata doce com avocado ou manga marinado em salsa picante de limão e coentro, picata de truta e almeirão crocante




- Antecuchos de frutos do mar (R$28,50)



- Bolivianos (R$28,50): pastéis fritos recheados com cebolas e favas, servidos com molho picante de frutinhas do bosque



- Carimañolas (R$28,50): Croquete de mandioca de costela



- Pastel da Noiva Salteña (48,50): fina massa de farinha de trigo com baixa fermentação, recheada com ragut de costela e coberta por um véu de claras nevadas.



O nosso prato preferido foi o Pastel da Noiva Salteña. Muito saboroso, além disso, achamos que tem um ótimo custo-benefício, porque ele é muito bem servido e ótimo para compartilhar.



O prato que menos nos encantou foi o Causitas. Sentimos falta de mais sabor nele.

Adoramos também as Carimañolas porque o tempero estava perfeito, assim como os Antecuchos. Aliás, diga-se de passagem, eu queria até que viessem mais Antecuchos porque estava delicioso!

Para acompanhar, a casa, que é especializada em café, cedeu lugar lugar para drinks e caipirinhas, bem gostosas, que harmonizaram muito bem com a noite de outono e os pratos que comemos. 


Mas não poderíamos encerrar a noite sem experimentar algumas sobremesas. Para provar algo diferente, que seja mais exclusivo do Cafecito, pedimos o Dedo de Nena (R$20,00), que são canudinhos de banana da terra recheados com doce de leite e merengue de limão. Hummmmmm... adorei!! Docinho do jeito que eu gosto, mas com uma quebrada pela banana que não o deixa ficar enjoativo. Foi o meu predileto.


Também provamos o Frutinhas (R$18,00), que é uma tortinha de queijo com molho picante de frutinhas vermelhas do bosque. Super diferente esse cheese cake pelo picante da cobertura, que foi o preferido do Julio, por ser naturalmente menos doce.



E já queremos voltar e aproveitar mais tanto do bairro quando os demais quitutes oferecidos pelo Cafecito, como sua famosa pizza a lenha e o próprio café, que não tivemos a chance de voltar para tomar.



Ok, sempre haverá alguém que vai me dizer que a logística para ir a Santa não é das melhores por causa do pouco espaço para estacionar carros - e é verdade - e por causa da violência. Bem, quanto ao primeiro tópico, eu até recomendo aos que bebem que realmente não vão de carro para terem uma experiência mais completa e evitar problemas com as blitz de Lei Seca. Dá para ir de metrô até a estação da Glória e de lá pegar um táxi/Uber, por exemplo. Ou ir direto para lá ou, ainda, se for durante o dia (das 11h às 16h - de segunda a sábado), aproveite para subir de Bondinho, que voltou a operar da Carioca até o Largo dos Guimarães e, descendo no Largo, você estará perto de vários ótimos restaurantes, cafés e bares. Pronto, um problema resolvido. 

Vamos ao segundo então... que é algo delicado, triste e que acomete toda a cidade. Ou melhor, todo o país. Crucificar o bairro de Santa Teresa e classificá-lo como mais violento é até uma injustiça, ao meu ver. O problema de segurança pública é generalizado na cidade inteira. Eu confesso que tenho mais medo de andar no centro da cidade, onde sou obrigada a ir todo dia para trabalhar. Além do fato igualmente triste de que ser turista no Rio de Janeiro, seja na Zona Sul, nas praias, andando nas ruas, requer dose tripa de atenção, cuidados, não ostentar bens de valor, não dar mole e, de preferência, jamais andar sozinho em lugares escuros e vazios. Dê sempre preferência a andar em grupos e em lugares onde você saiba que pode ir. Se tiver dúvida sobre uma rua, entre em um bar ou restaurante e pergunte ou volte e pegue outra rua ou pegue um táxi. O importante, por mais exagerado que possa soar, é garantir sua segurança. 


Nós adoramos a experiência, gostamos muito de conhecer um pouco mais da história dos donos e acho que isso agrega um valor inestimável ao lugar e por isso também indicamos o lugar. Fomos muito bem atendidos por garçons solícitos e simpáticos. 


Muito obrigada pelo convite!! Agora ficamos com vontade retornar para tomar o famoso café e comer os pães também. 



** FICHA TÉCNICA DO CAFECITO **

- Endereço: Rua Paschoal Carlos Magno, 121, Santa Teresa (perto do Largo dos Guimarães)

- Telefone: +55 21 2221-9439

- Site: http://www.cafecito.com.br/

- Email: contato@cafecito.com.br

Horário de funcionamento: Domingo a Quinta, das 9h às 22h. Sexta e Sábado, das 10h às 23h. Fecha às Quartas.

- Cozinha: café da manhã, lanches, drinks, refeições e jantar

- TripAdivisor: nota 8 no site, com mais de 300 avaliações e Certificado de Excelência. Confira os comentários clicando aqui.

- Acessibilidade: reduzida, porque há muitas escadas. Não há rampas






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