02 março 2016

Exposição Frida Kahlo na Caixa Cultural Rio de Janeiro

Consegui finalmente visitar a Caixa Cultural Rio de Janeiro e pude conferir de perto a exposição da grande e renomada FRIDA KAHLO, que reúne 30 obras da artista mexicana, sendo 20 óleos sobre tela e 10 obras em papel, entre desenhos, colagens e litografias, além de 100 obras de outras 14 artistas, mulheres nascidas ou radicadas no México.

Em cartaz desde 30 de janeiro, a exposição seguirá até o dia 27 de março de 2016 e só fui porque uma querida colega do trabalho foi lá uns dias antes para retirar nossos ingressos, que são gratuitos, mas dependem de marcação de dia e horário para a visita e, naturalmente, por estar localizado no centro da cidade (praticamente ao lado da estação de metrô da Carioca), o horário de almoço é um dos mais disputados.



A Caixa Cultural Rio de Janeiro fica na Av. Almirante Barroso, n. 25 e, como já disse, com fácil acesso pelo metrô da Carioca.

A exposição intitulada "Frida Kahlo: Conexões entre mulheres surrealistas no México" está muito bem organizada e estruturada. É fascinante tentar entender um pouco dos sentimentos impressos nas telas por ela e pelas artistas de seu tempo que eram suas amigas, em mundo ainda muito fechado às ousadias, principalmente, sendo ela uma mulher vivendo em um país machista.


Quando pensamos em Surrealismo, logo lembramos de Salvador Dalí, por exemplo. Por isso mesmo fiquei muito encantada com as obras expostas nesta mostra porque o universo feminino de dor, perdas, preocupações, maternidade e frustrações está muito bem representado pela Frida Kahlo em suas obras que refletem a sua trajetória de vida, em plena década de 30 e 40.



Frida, filha de um alemão imigrante com uma mexicana de ascendência indígena com espanhol, nasceu em 1907 a  teve uma vida de altos e baixos, de sofrimento pelo acidente que sofreu aos 18 anos de idade quando o bonde no qual viajava chocou-se com um trem e o pára-choque de um dos veículos perfurou-lhe as costas, atravessou sua pélvis e saiu por sua vagina, causando-lhe uma grave hemorragia e uma internação hospitalar de muitos meses em que esteve entre a vida e morte, pois teve que ser submetida a diversas cirurgias para reconstruir seu corpo que estava todo perfurado. Além disso, sofreu muito pelos abortos espontâneos e por não conseguir ter filhos, já que o acidente que sofreu causou também a perfuração de seu útero e deixou graves sequelas. 




Entrou para o Partido Comunista em 1928, quando conheceu seu marido, o muralista Diego Rivera, e a relação entre os dois também é algo marcante em seu acervo artístico, principalmente por ter sido uma relação tumultuada, já que os dois possuíam temperamentos fortes e mantiveram casos extraconjugais. Frida chegou a ter um caso com Leon Trotski e também com mulheres, enquanto Diego teve um caso com a irmã mais nova de Frida, o que levou à separação do casal. 


Frida e Diego
Porém, em 1940, os dois uniram-se novamente em um casamento tão tempestuoso quanto o primeiro, marcado por discussões e brigas.


  

Frida tentou diversas vezes o suicídio com facadas e martelos e, em 1954, foi encontrada morta sob o atestado de óbito de embolia pulmonar, mas há que pense que pode ter sido uma overdose devido ao grande número de remédios que ela tomava, além de possível suicídio, com menos de 50 anos de idade e um legado artístico memorável.

Toda essa sua história está, de forma explícita ou não, bem representada na exposição e nos faz pensar muito sobre suas angústias e aflições. Confesso também que há obras surrealistas que são loucas demais e sempre me questiono se o artista chegou àquele resultado final com ou sem ajuda de psicotrópicos.




E não poderiam ficar de fora alguns de seus famosos auto-retratos! Frida ficou muito conhecida por seus próprios retratos que ela pintava.



Afinal, quem nunca viu a artista que não se importava em ter um buço marcado e a monocelha? Frida queria e conseguiu ser ousada, de vanguarda, desprovida de certas vaidades e focada na produção artística.



Achei interessante que, observando uma galeria que expõe diversas fotos da época da artista, na foto real ela me pareceu até mais bonita do que nos seus auto-retratos. Certamente por que ela devia expressar nas telas as suas dores e provavelmente se enxergava mais feia do que era de fato.




Mas a beleza de ir a uma exposição como esta é justamente colocar o nosso imaginário para viajar um pouco e decifrar os mistérios escondidos por trás das obras de arte.

Outra parte interessante da exposição é a sala onde podemos ver de perto algumas das vestimentas da Frida Kahlo. De modo geral muito coloridas, as suas vestes marcaram época e estavam intimamente relacionadas com suas origens mexicanas.  Diga-se de passagem que a intensidade manifestada pela artista no seu próprio visual, seja em suas roupas, acessórios, o cabelo preso ou o batom vermelho com as maçãs do rosto coradas, era fruto de sua personalidade forte e ao mesmo tempo dramática, uma afirmação da sua nacionalidade mexicana.



A mostra é resultado de minuciosa pesquisa feita por sua curadora, Teresa Arcq, que traz a artista Frida Kahlo como figura central, mas apresenta também, como protagonistas, outras artistas que, ao seu tempo, eram reconhecidas somente como "esposas" desse ou daquele artista. Contudo, a exposição revela que eram muito mais que isso, que eram criadoras de aproximações, promotoras de eventos, desafiadoras do lugar-comum, mulheres de vanguarda que desejam escapar das submissões e produziram obras de arte de vigor inquestionável.




Aqui no Rio, foi idealizada e coordenada pelo Instituto Tomie Ohtake, de São Paulo, com patrocínio da CAIXA.

Frida Kahlo, Lola Álvarez Bravo, María Izquierdo, Leonora Carrington, Kati Horna, Jacqueline Lamba, Alice Rahon e Remedios Varo deixaram suas marcas na história e transcenderam o tempo e as convenções.


Autorretrado, 1958 - Rosa Rolanda
Os Dorminhocos, Bridget Tichenor
Percorremos a mostra em pouco mais de 1h, com calma, e foi suficiente para ver e ler a maior parte das explicações.  

Ainda dá tempo de ir e eu super recomendo!


Exposição Frida Kahlo – Conexões entre mulheres surrealistas no México

Data: 30/01/2016 a 27/03/2016

Horário: 

terça-feira a domingo, das 10:00 às 21:00

Local: CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Galerias 1, 2 e 3


Endereço: Av. Almirante Barroso, 25 – Centro (Metrô: Estação Carioca).

Entrada: Entrada franca mediante agendamento no site frida.ingresse.com - cada visitante, a partir de seu CPF, poderá reservar até 4 senhas, para os períodos: das 10h às 12h; das 12h às 14h; 14h às 16h; 16h às 18h e 18h às 20h. A entrada é organizada por ordem de chegada e a senha permite que o visitante entre na exposição ao longo do período agendado, não sendo necessário chegar no horário inicial. As senhas também poderão ser retiradas na recepção da CAIXA Cultural, de terça a domingo, das 10h às 20h.

Classificação indicativa: Livre.

Acesso para pessoas com deficiência


Telefone: (21) 3980-3815.


Mostra de filmes:
Como parte da exposição, a Galeria 1, no térreo da CAIXA Cultural Rio de Janeiro, exibe filmes sobre as artistas Alice Rahon, Rara Avis, Jacqueline Lamba, Leonora Carrington, Remedios Varo e Frida Kahlo. A programação, gratuita, repete-se nos mesmos horários, ao longo da temporada, com os filmes abaixo. Não é necessário resgatar senhas para assistir aos filmes, mas as sessões estão sujeitas à lotação.
10h30 – Alice Rahon (2012), 64’, de Dominique e Julien Ferrandou (Produção: Seven Doc).
12h00 – Rara Avis – Bridget Tichenor (1985), 21’, de Tufic Makhlouf.
12h30 – Jacqueline Lamba (2005), 120’, de Fabrice Maze (Produção: Seven Doc).
15h00 – The Life and Times of Frida Kahlo (2005), 90’, de Amy Stechler (Produção: Daylight Films e WETA, Washington DC, in association with Latino).
17h00 – Leonora Carrington (2011), 107’, de Dominique e Julien Ferrandou (Produção: Seven Doc).
19h00 – Remedios Varo (2013), 64’, de Tufic Makhlouf (Produção: Seven Doc)

  1. Estou louco para ir, mas já me falaram que são poucas as peças.

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    Respostas
    1. São 30 peças da Frida, Leo! Eu gostei porque mesmo os demais quadros são super interessantes e é legal ver como as outras artistas eram próximas e amigas.
      Se você for, me fale para eu saber sua opinião!
      Beijinhos e obrigada pelo comentário aqui
      Lily

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